Professora já encontrou mais de 70 lares pra animais perdidos

Paula Aviles, 34 anos, é professora de artes e mora na cidade de São Caetano do Sul, em São Paulo. Ela é a prova de que pequenas ações podem fazer grandes diferenças no mundo. Pra começar, ela usa o seu Facebook e um ativismo repleto de amor quando o assunto é relacionado a proteção animal.

Paula Aviles atua tanto sozinha como em parceria com ONGs

No total, ela acredita já ter encontrado mais de 70 lares para cães e gatos que estavam perdidos nas ruas ou que sofriam maus tratos dos seus antigos donos.

Atualmente, Paula está a procura de lares temporários ou definitivos para mais de 40 cachorros resgatados da casa de uma acumuladora que praticava maus tratos contra eles. Para quem puder ajudar, ela pediu para entrar em contato aqui pelo seu perfil do Facebook.

PAIXÃO PELOS ANIMAIS

“Desde que eu me lembro de existir só queria saber de ficar perto dos animais. Minha avó materna pegava tudo quanto era cachorro e gato da rua pra cuidar. Os mais sarnentos e fracos eram os que ela mais amava e cuidava até ficarem perfeitos. Adotava todos, eram muitos no quintal! Eu queria sempre ir na casa dela pra ficar com os bichinhos e acho que aprendi com ela isso de me sentir responsável por ajudar os que precisam. Minha mãe se segura um pouco mais, mas também tem coração mole, aprendeu com a mãe dela e fez grande parte disso… resgatou vários também quando eu era criança e depois que eu cresci nunca se negou a abrigar um bichinho que eu tenha trazido (mesmo que tenha dado briga algumas vezes hehehe)”.

RESGATE DE ANIMAIS, CUIDADOS E NOVOS LARES 

“Já aconteceu de muitas maneiras. Amigos que encontram e pedem ajuda, desconhecidos pelo Facebook que pediram ou postaram fotos de onde estavam e eu fui atrás. Já resgatei até fêmeas grávidas que vieram cheias de filhotinhos na barriga. E muitos foram diretamente das ruas e a história é sempre parecida: vi o bichinho andando desnorteado, percebi que se não fizesse nada ali na hora ele seria atropelado quando eu virasse as costas… e então não pude virar as costas!

Aí o primeiro desafio é encontrar um lugar para abrigá-lo, o que chamamos de lar temporário (famoso LT nas redes sociais). Já passei 3 horas na rua, rodando com cachorro amarrado numa cordinha improvisada, procurando alguém que pudesse abrigá-lo por ao menos uma noite pra que eu pudesse achar um lar temporário por mais uns dias até encontrar um adotante definitivo. Às vezes esses lares temporários são pagos, às vezes damos sorte de alguém oferecer solidariamente. Mas é definitivamente a coisa mais difícil no resgate!

Dinheiro para veterinário, medicamentos, castração, ração, banho, são outras necessidades do resgate que também dão bastante trabalho pra conseguir, mas ainda assim são mais possíveis por meio de campanhas na internet do que o lar temporário. E se não tiver onde abrigar o animal, não tem como fazer todo o resto”.

O TRABALHO DAS ONGs E A AJUDA QUE ELAS PODEM OFERECER

“Uma coisa importante pra dizer sobre ONGs em geral: as pessoas PRECISAM parar de achar que ONG é um lugar milagroso que ‘recolhe’ animais. As ongs não têm espaço e muito menos dinheiro pra sair ‘recolhendo’ animais. Essa tarefa deve ser dividida com a sociedade e não virar algo de inteira responsabilidade das ongs ou de ‘protetoras independentes’.

A ONG SOS Cidadania Animal fica aqui em São Caetano e pertence a um casal de amigos que conheci quando estava correndo numa madrugada atrás de uma cachorrinha que precisava de ajuda. Eles idealizaram um lugar que ajuda as protetoras de animais e as pessoas de baixa renda que têm animalzinhos na família e não têm condições de levar ao veterinário.

Fizeram uma clínica popular, com valores de consulta e cirurgias muito abaixo dos praticados em clínicas e hospitais particulares. Isso encoraja as protetoras, e pessoas que não são protetoras também, a resgatarem, porque sabem que terão condição de tratar.

Em alguns casos especiais oferecem a consulta até de graça, quando podem. Além disso, usam a visibilidade da ONG para divulgar os animais pra adoção e fazer eventos de adoção, o que é mais uma motivação pra quem resgata, já que um dos medos é não encontrar adotante e não ter espaço, lar temporário e/ou dinheiro pra manter o animal resgatado por muito tempo”.

Por Felippe Canale

Jornalista parceiro da Catraca Livre