’13 Reasons Why’ provocou aumento de buscas sobre suicídio na web

01/08/2017 17:23

As opiniões sobre a série ’13 Reasons Why‘, da Netflix, são controversas.

Enquanto alguns dados apontam que o programa foi útil ao abordar questões como suicídio, bullying e cultura do estupro, sendo responsável pela conscientização sobre estes problemas e aumentando a busca por ajuda (leia matéria aqui) outros acham que a produção pode ter estimulado a curiosidade sobre o tema.

Alguns dados apontaram que o programa foi útil ao abordar temas polêmicos, outros indicam que a produção pode ter estimulado a curiosidade sobre suicídio
Alguns dados apontaram que o programa foi útil ao abordar temas polêmicos, outros indicam que a produção pode ter estimulado a curiosidade sobre suicídio

Alguns especialistas em saúde mental descrevem a série como preocupantes e apontam para como seus personagens e a representação gráfica do suicídio podem representar um risco para jovens que já estão lutando com problemas de saúde mental, como aponta matéria da CNN.

Um estudo feito pela San Diego State University (SDSU- Universidade Estadual de San Diego), Estados Unidos, tem como objetivo avançar esse debate, usando dados de buscas no Google.

Segundo a pesquisa – publicada no jornal JAMA Internal Medicine nesta segunda-feira, 31 – após a estreia do show em março, as buscas on-line para termos relacionados à conscientização e prevenção de suicídios cresceram, mas o aumento de procura por termos associados à concepção do ato foi ainda maior.

O levantamento mostrou que, depois do início da série as pesquisas pela frase “como cometer suicídio” aumentaram 26% acima do que normalmente seria esperado naquele momento; já a busca por “prevenção do suicídio” aumentou 23%; e números de atendimento para ajuda subiram 21%.

“O tempo para o debate retórico acabou. Embora “13 Reasons Why”, certamente tenha iniciado a conversa e aumentado a conscientização – vemos uma variedade de pesquisas relacionadas ao suicídio surgindo – nossos piores temores foram confirmados”, disse John Ayers, professor de pesquisa da SDSU e principal autor do artigo sobre o tema da série ter aumentado buscas sobre como cometer suicido.

Devido a essas descobertas, Ayers pediu que a segunda temporada – já em produção- seja adiada e que a produtora altere partes da primeira temporada, disponível na plataforma.

A Netflix respondeu à CNN :”Nós sempre acreditamos que este show aumentaria a discussão em torno deste assunto difícil. Este é um interessante estudo, quase experimental, que confirma isso. Esperamos mais pesquisas e estamos levando tudo o que aprendemos em consideração ao preparar a segunda temporada”.

Pesquisa coletou dados sobre as buscas no Google relacionadas a suicídio nos Estados Unidos a partir da data de estreia da serie
Pesquisa coletou dados sobre as buscas no Google relacionadas a suicídio nos Estados Unidos a partir da data de estreia da serie

Dados do estudo

Para o artigo, os pesquisadores coletaram dados sobre as tendências de busca no Google relacionadas ao suicídio nos Estados Unidos a partir de 31 de março, quando ““13 Reasons Why” estreou, até o dia 18 de abril.

Os pesquisadores também eliminaram os termos de pesquisa nos dados relacionados ao popular filme de super-heróis “Suicide Squad”, resultando em um banco de dados final de 20 termos de busca relacionados ao suicídio.

Eles descobriram que as pesquisas de 17 desses 20 termos foram maiores do que o esperado.

A Netflix exibiu a série com uma classificação de ‘TV-MA’, ou seja, indicada para audiências maduras, e os episódios 9, 12 e 13 da primeira temporada – que contêm material mais explícito – tiveram avisos específicos antes de seu início. Na noite da estreia, também lançou um site sobre o programa que incluía links indicando vários telefones de ajuda.

A produção também contou com a consultoria de profissionais de saúde mental e médicos que ajudaram a orientar a abordagem de narrativa dos temas como suicídio, agressão sexual e bullying, de acordo com a declaração Netflix.

No entanto, no artigo SDSU, os pesquisadores apontam que o show poderia ter feito mais para reduzir as associações com ideias suicidas seguindo as diretrizes de mídia da Organização Mundial da Saúde para prevenir o suicídio, como, por exemplo, evitar descrições detalhadas ou retratos de um método de suicídio.