Caxumba: entenda que doença é essa

A Médica Infectologista Camila Martini explica sobre transmissão, sintomas e tratamento da doença

No inverno e primavera, é comum que apareçam mais casos de caxumba. Em 2017 foram registrados surtos – quando mais de duas pessoas de uma instituição ou grupo são infectadas – de Caxumba em pelo menos três estados, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. A doença que já foi considerada “da infância”, é hoje mais comum em uma faixa etária diferente, entre pessoas entre 15 e 30 anos, que possivelmente não foram vacinadas quando crianças.

Para entender sobre transmissão, sintomas e tratamento, o  Catraca Livre entrou em contato com a Médica Infectologista Camila Martini, que passou orientações sobre como prevenir e lidar com a doença.

Catraca Livre: Quais são os sintomas da caxumba?

Camila Martini: O principal sintoma é o aumento das glândulas salivares, conhecidas como parótidas, por isso chamado de parotidite, que pode ser unilateral ou bilateral, ou seja, de um lado ou dos dois do rosto.
Inicialmente, pode haver dor no ouvido e dor à mastigação e posteriormente ocorre edema (inchaço) da região. Pode haver febre associada.

A caxumba é uma infecção viral que afeta as glândulas salivares. Pode ser facilmente prevenida por meio de vacinação
Créditos: Getty Images/iStockphoto
A caxumba é uma infecção viral que afeta as glândulas salivares. Pode ser facilmente prevenida por meio de vacinação

Catraca Livre: O que fazer se eu tiver alguns desses sintomas?

Camila Martini: Nem toda parotidite é causada pelo vírus da caxumba (vírus da família Paramyxoviridae) e muitas outras infecções se manifestam com febre, dor para engolir e mal estar, frequentemente descritos como sintomas iniciais. Assim, caso existam esses sintomas, a orientação é procurar atendimento médico para avaliação clínica, avaliação do cartão vacinal e avaliação da necessidade de afastamento do trabalho ou estudos, por exemplo.

Catraca Livre: Como se “pega” caxumba?

Camila Martini: A transmissão da caxumba ocorre por contato direto com uma pessoa contaminada, por gotículas de saliva, trocadas por exemplo através do beijo, ou ao usar copos e talheres da pessoa doente.

Catraca Livre: Qual é o período de contagiosidade?

Camila Martini: O período de maior transmissão tem início nos dias que antecedem o aparecimento da parotidite e dura até, aproximadamente 09 dias após.

Catraca Livre: Qual sua orientação para evitar o contágio?

Camila Martini: A principal medida para evitar a transmissão é manter o calendário vacinal atualizado, principalmente dos adultos, já que a maioria das pessoas se vacina na infância e depois nunca mais. Caso exista alguém com caxumba no ambiente de trabalho ou escolar, por exemplo, todas as pessoas de convívio próximo devem ser questionadas quanto à carteira vacinal e orientadas a receber a vacina (vacinação de bloqueio). A vacina é segura, porém existem algumas situações em que ela não pode ser realizada (por exemplo, em pessoas com imunodepressão muito importante). Além disso, os doentes devem ser afastados do trabalho durante o período de transmissibilidade.

Catraca Livre: Quais são as complicações da caxumba?

Camila Martini: As complicações são extremamente raras e a doença apresenta boa evolução na maioria dos casos, inclusive naqueles que se apresentam com meningite. Uma complicação conhecida, também rara, é a esterilidade após orquiepididimite (inflamação dos testículos e epidídimo). Outras complicações são tireoidite (inflamação da tireoide), artrite (inflamação das articulações), miocardite (inflamação do músculo cardíaco).

Catraca Livre: Quem já teve caxumba precisa ser vacinado?

Camila Martini: Quem já teve caxumba está protegido contra outros episódios. O problema é que existem outros agentes, infecciosos ou não, que também se apresentam da mesma forma que a manifestação mais comum da caxumba (parotidite) e nem sempre quem teve parotidite, teve caxumba confirmada. Como a vacina (tríplice viral) protege contra outras duas doenças (sarampo e rubéola), o fundamental é estar com o calendário vacinal atualizado de acordo com a idade.   Crianças menores de 05 anos devem tomar 1 dose aos 12 meses e 1 dose aos 15 meses de vida. Pessoas entre 5 e 29 anos devem tomar 2 doses de tríplice viral, respeitando o intervalo de 30 dias entre as doses. Os maiores de 30 anos devem tomar apenas 1 dose de tríplice viral.

  • ONDE SE VACINAR?
    Para se vacinar basta  ir a qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS) levando seu cartão do SUS e seu RG. Se Você não tiver cartão do SUS, fique tranquilo, você poderá fazer o cartão na própria UBS.
    Neste site você pode verificar qual a UBS mais próxima de sua casa: www.ubsbrasil.com

Veja no infográfico os principais sintomas da doença

Infográfico mostra os principais sintomas da Caxumba

Leia outras matérias da nossa editoria de Saúde