Dismorfia: quando insatisfação com corpo vira defeito imaginário
O ditado já diz que ninguém é perfeito, mas – devido à imposição de padrões – algumas pessoas travam uma difícil batalha para se encaixar ao máximo no modelo beleza.
Esse problema pode se tornar sério quando a pessoa, por não corresponder ao que é determinado pela sociedade como rosto ou corpo perfeito, desenvolve um transtorno relacionado à autoimagem, a dismorfia.
“Muito se fala sobre anorexia e também sobre bulimia. Mais comum do que se imagina, a dismorfia é caracterizada por uma insatisfação com a imagem corporal. Por não corresponder aos padrões de beleza impostos muitas pessoas desenvolvem esse transtorno. Estar um pouco acima do peso, ter pernas mais grossas e contornos mais volumosos acabam gerando “complexos exagerados” induzindo a pessoa a seguir a “ditadura da beleza” sacrificando sua própria saúde”, diz a psicóloga Lourdes Brunini em matéria ao Minha Vida, parceiro do Catraca Livre.
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Quem tem esse transtorno, vê numa característica física um defeito imaginário, superestimando a aparência que julga inadequada. A pessoa – por acreditar que não corresponde ao que a sociedade exige – acaba sentindo-se insegura, tende ao isolamento e pode inclusive cair em depressão. “Na maioria das vezes, o “defeito”, quando existente, é quase imperceptível, porém é enxergado pela pessoa como algo gigantesco e negativo”, diz Brunini.
A dismorfia é séria e, em casos mais graves, tem como sintomas insatisfação constante, dificuldade em relacionar-se e executar tarefas, falta de iniciativa, inibição, mau humor e outras características que levam a pessoa à melancolia e isolamento. Em casos muito graves pode acarretar psicose ou suicídio.
Pessoas do nosso convívio podem ajudar a identificar o problema desde o início, evitando o agravamento do problema.
“Ao perceber que a pessoa está apática, melancólica e comentando muito sobre a insatisfação com suas características físicas, os familiares e amigos devem imediatamente começar a desviar esse tipo de comentário, e o ideal que é apontar os aspectos positivos dessa pessoa, como a capacidade intelectual, habilidades, o afeto, e seus atrativos físicos que realmente existem. O importante é mostrar que somos um todo e não apenas uma forma física que só atrai se for perfeita”, diz a psicóloga.
Se a autodepreciação continuar ou a pessoa apresentar os sintomas que indica Lourdes, é importante buscar a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra, dependendo da gravidade do transtorno. “O que acontece é que, algumas vezes, mesmo após ressaltar valores positivos, a família não obtém resultado, mas prefere continuar tentando. Neste momento, é imprescindível procurar ajuda de um profissional”, diz Brunini.
O tratamento é baseado na terapia focal, usando objetos facilitadores como argila, espelhos, desenhos e pinturas. A ideia é compreender os sentimentos do paciente e ajuda-lo a ampliar sua consciência.
Mesmo sendo um problema sério, o transtorno dismórfico pode ser evitado. O importante, acima de tudo, é aceitar-se e lembrar que a saúde física e mental é mais importante que a aparência e padrões, que muitas vezes são inatingíveis e até irreais.