Empresa vende sangue de jovens para ‘reverter envelhecimento’
Pode parecer ficção ou filme de terror, mas é real. Uma empresa do Vale do Silício (Silicon Valley), na Califórnia, Estados Unidos, está divulgando a venda de transfusão de sangue de jovens por 8 mil dólares (cerca de 26 mil reais) para ‘reverter o envelhecimento’.
Cerca de 100 pessoas se inscreveram para receber uma infusão, alegou o fundador da Ambrosia, Jesse Karmazin, nesta quarta-feira durante a Code Conference 2017.
A empresa oferece serviços para pessoas a partir de 35 anos, mas – segundo Karmazin – a maioria dos inscritos está acima dos 60 anos.
O sangue usado para o procedimento seria proveniente de doações de adolescentes, podendo ser de pessoas de até de 25 anos. A empresa compra seu estoque de bancos de sangue, que nos Estados Unidos também vendem sangue para empresas farmacêuticas, segundo matéria da CNBN.
Segundo a publicação, Karmazin diz que a empresa não afirma que pode curar o envelhecimento, mas que espera recrutar centenas de pessoas (cobrando o valor delas) para pesquisar se as transfusões podem ajudar a combater sintomas particulares associados ao envelhecimento.
Polêmica faz com que cientistas levantem questionamentos sobre a ética do procedimento
“Não há nenhuma evidência clínica [que o tratamento será benéfico], e você basicamente está abusando da confiança das pessoas e da emoção pública em torno disso”, diz o neurocientista Tony Wyss-Coray, da Universidade de Stanford, em Palo Alto, Califórnia, que liderou em 2014 um estudo sobre uso de plasma de camundongos jovens em outros mais velhos, em entrevista à AAAS– American Association for the Advancement of Science (Associação Americana para o Avanço da Ciência).
O cientista também questiona a cobrança para os participantes do projeto da Ambrosia, que segundo ele não tem base científica.
Segundo a AAAS, há décadas, os chamados estudos de “parabiose”, em que a circulação de animais novos e jovens estava conectada de modo que seu sangue se misturava, sugeriu que o sangue jovem possa rejuvenescer camundongos envelhecidos.
O estudo de 2014, no entanto, sugeriu que as injeções repetidas de plasma de animais jovens eram uma alternativa fácil à parabiose. Desde então, Wyss-Coray abriu uma empresa, a Alkahest, que, em parceria com Stanford, lançou um estudo sobre o uso de plasma jovem em 18 pessoas com doença de Alzheimer, avaliando a segurança e monitorando se o tratamento alivia qualquer problema cognitivo ou outros sintomas.
A Alkahest, diferentemente da Ambrosia, cobre os custos dos participantes. Wyss-Coray espera resultados até o final deste ano. Outra pesquisa em um hospital na Coréia do Sul está examinando se o sangue do cordão umbilical ou o plasma podem prevenir a fragilidade nos idosos, informa a página da AAAS.