Médico faz relato emocionante sobre paciente e bomba na internet

O post de um médico narrando o caso de uma paciente sua está viralizando

Dona Socorro e João Carlos Resende

O relato de um médico no Facebook está emocionando muita gente nas redes sociais.

O profissional João Carlos Resende falou de uma consulta com Dona Socorro, uma paciente com câncer, no Hospital de Barretos, em São Paulo. O que poderia ser algo triste, acabou se revelando uma linda história.

“Semana curta e cansativa, coração agitado, mente num turbilhão. Deus hoje resolveu me visitar. Ele tinha um corpo franzino, rosto marcado pelo sol, mãos com sutil aspereza de quem trabalhou pesado a vida toda e um cheiro de lavanda misturado com as cinzas de um fogão de lenha”, começa o texto do médico, publicado em seu Facebook.

“Como podia Deus se fazer pequeno assim? Logo lembrei que Ele sabe muito bem fazer isso. Lembrei que Ele foi homem, é pão e será sempre grande, pequeno Deus. Parecia envergonhado, ansioso pela notícia, infelizmente não tão boa. Estava cansado da viagem, da sala de espera lotada e de anos de luta contra o câncer”, continuou.

Em seguida, ele relatou um diálogo:

“‘Mas, Dotô. Não diga isso'”.

Seu rosto se entristeceu e quanto me doeu ver Deus sendo gente ali diante de mim.

‘D. Socorro, não fica triste. O doutor aqui tem coração mole e pode chorar.’

Olhou para mim e pude ver o brilho dos olhos sábios dizendo: ‘Vou chorar em casa, para o senhor não olhar'”.

Ele segue o relato até o final da consulta. A publicação teve mais de 160 mil reações e quase 30 mil comentários.

Confira:

Semana curta e cansativa, coração agitado, mente num turbilhão. Deus hoje resolveu me visitar. Ele tinha um corpo…

Posted by João Carlos Resende on Wednesday, June 14, 2017

[tab:O texto também está aqui]

Semana curta e cansativa, coração agitado, mente num turbilhão. Deus hoje resolveu me visitar. Ele tinha um corpo franzino, rosto marcado pelo sol, mãos com sutil aspereza de quem trabalhou pesado a vida toda e um cheiro de lavanda misturado com as cinzas de um fogão de lenha. Ele falava de um jeito bonito e simples, arrastado e vindo lá do Goiás. Vestia a melhor roupa que tinha, colorida, bem cuidada, mas respingada da sopa que serviram antes da consulta. O sapato de algodão listrado não combinava com a blusa florida… ah, mas Ele era Deus e podia tudo. Seus olhos fugiam dos meus. Como podia Deus se fazer pequeno assim? Logo lembrei que Ele sabe muito bem fazer isso. Lembrei que Ele foi homem, é pão e será sempre grande, pequeno Deus. Parecia envergonhado, ansioso pela notícia, infelizmente não tão boa. Estava cansado da viagem, da sala de espera lotada e de anos de luta contra o câncer. Diante da grandeza à minha frente, aumentei minha pequenez para que pudesse caber na menor brecha que ousei adentrar naquela vida. A doença mudou, progrediu e voltou a judiar. Aquele remédio que tanto cansava e nauseava aqueles poucos quilos tão frágeis se faria necessário mais uma vez.

“Mas, Dotô. Não diga isso.”

Seu rosto se entristeceu e quanto me doeu ver Deus sendo gente ali diante de mim.

“D. Socorro, não fica triste. O doutor aqui tem coração mole e pode chorar.”

Olhou para mim e pude ver o brilho dos olhos sábios dizendo: “Vou chorar em casa, para o senhor não olhar.”

Como aquilo me engrandecia. Como pode Deus me visitar assim. Ali acabou meu cansaço. Ali só coube emoção. Examinei aquele corpo pequeno. Coração forte e barulhento, pulmões que sopraram em mim o sopro da vida e contemplei o mais belo sorriso com as cócegas geradas ao palpar seu abdome. Pensava comigo o quanto eu queria, com minha mão, retirar cada um daqueles tumores e ao mesmo tempo me emocionava porque, com aquela visita, Deus retirava cada um dos meus, não físicos. Minha prescrição seria o que menos importava ali, mas assim mesmo a fiz.

“D. Socorro, vou prescrever aquele remédio chatinho, mas para tentar controlar a doença da senhora.”

Humilde, respondeu: “É o jeito.”

No final de tudo, depois de eternos poucos minutos de graça, Deus olhou para mim e disse: “Dotô, o resto pode estar doente e não prestar, mas meu coração é grande e bom.” Ah, Deus! Que coração.

Já emocionado, apenas pedi um abraço e agradeci por tudo aquilo. Ganhei mais. Ganhei uma foto, um carinho no rosto e a certeza de que Deus sempre está comigo e sempre me visita de diversas formas. Hoje Ele me visitou, me curou e me deu força para continuar. Ironicamente, saiu daquela sala e falou: “Fica com Deus, Dotô.”

“Estive com Ele, D. Socorro.”

(Foto e contexto autorizados pela paciente)

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