Novos medicamentos ampliam expectativa de vida de quem tem HIV

12/05/2017 15:29

A expectativa de vida de jovens que fizeram tratamento contra HIV aumentou cerca de 10 anos nos Estados Unidos e Europa desde a introdução de medicamentos mais recentes na terapia antirretroviral, aponta estudo realizado pela universidade de Bristol, no Reino Unido.

Tratamento contra HIV aumentou em cerca de 10 anos expectativa de vida desde a introdução de medicamentos antirretrovirais mais recentes - Getty Images/iStockphoto

Os autores do estudo acreditam que a descoberta pode ajudar a reduzir a estigmatização, além de encorajar pessoas que tiveram ou tem comportamento de risco a fazer exames e os diagnosticados a iniciarem o tratamento o mais rápido possível e realizá-lo corretamente.

Qualquer pessoa com vida sexual ativa que não use camisinha está se arriscando a contrair o vírus HIV, como explica a médica infectologista do Hospital Emílio Ribas, Rosana Richtmann, em vídeo divulgado aqui no Catraca Livre.

“A cada quatro pessoas contaminadas, uma não sabe que está contaminada. E você também não vai saber. Então o mais importante é que, sempre, nós temos que usar o preservativo”, explica ela.

Dados do estudo

Segundo as projeções da investigação, a expectativa de vida de uma pessoa de 20 anos que iniciou o tratamento a partir de 2008 e teve uma carga viral baixa após um ano de tratamento pode aproximar-se da população em geral (cerca de 78 anos).

“A terapia antirretroviral tem sido usada para tratar o HIV por 20 anos, mas os medicamentos mais novos têm menos efeitos colaterais, envolvem tomar menos pílulas, previnem melhor a replicação do vírus e dificultam que ele se torne resistente”, disse o autor principal da pesquisa Adam Trickey, da Escola de Medicina Social e Comunitária da Universidade de Bristol.

Medicamentos mais novos têm menos efeitos colaterais, previnem melhor a replicação do vírus e dificultam que ele se torne resistente”, diz pesquisa
Medicamentos mais novos têm menos efeitos colaterais, previnem melhor a replicação do vírus e dificultam que ele se torne resistente”, diz pesquisa - Getty Images/iStockphoto

No entanto, a expectativa de vida para as pessoas com HIV permanece, em sua maioria, menor do que a da população em geral, aponta a publicação.

A terapia antirretroviral, que se tornou amplamente utilizada em 1996, é uma combinação de três ou mais remédios que inibem a replicação do vírus para prevenir e reparar possíveis danos ao sistema imunológico causados pela infecção pelo HIV.

Os pesquisadores analisaram dados de 88.504 pessoas com HIV que iniciaram tratamento antirretroviral entre 1996 e 2010, a partir de 18 estudos europeus e norte-americanos.

Para determinar a expectativa de vida, consideraram quantas pessoas morreram durante os três primeiros anos de tratamento, a causa dessas mortes, a carga viral do HIV nessas pessoas, contagem de células imunes (células CD4) e se eles foram infectados através de drogas injetáveis.

Entre pessoas que iniciaram a terapia entre 2008-2010, houve menos mortes nos primeiros três anos de tratamento do que aqueles que iniciaram o entre 1996-2007.

“Nossa pesquisa ilustra uma história de sucesso de como a melhoria dos tratamentos contra o HIV, juntamente com rastreio, prevenção e tratamento de problemas de saúde associados à infecção pelo HIV pode prolongar a vida útil das pessoas diagnosticadas com HIV”, diz Trickey.

Ao analisar especificamente as mortes devidas à AIDS, o número de mortes durante o tratamento diminuiu ao longo do tempo entre 1996 e 2010, provavelmente como resultado de novas drogas serem mais eficazes na restauração do sistema imunológico.

No entanto, as melhorias não foram observadas em todas as pessoas com HIV, já que a expectativa de vida de pessoas que foram contaminadas por meio do uso de drogas injetáveis não aumentou tanto quanto em outros grupos.

Os pesquisadores apontam que o estudo tem limitações, pois os resultados também podem ter sido afetados pela mudança de comportamento ao longo do tempo, por exemplo, o fato de menos pessoas que iniciaram o tratamento nos últimos anos apontam ter sido infectadas por uso de drogas injetáveis.

Os resultados do estudo aplicam-se apenas às pessoas que tomam terapia antirretroviral, enquanto a maioria das mortes por HIV ocorrem em pessoas que não são tratadas.

“Embora a maioria das pessoas tenham propensão a começar o tratamento logo após o diagnóstico de HIV, isso só irá resultar em uma melhor sobrevivência global se os problemas de diagnóstico tardio e acesso ao tratamento forem abordados”, frisa Adam Trickey.