SUS distribuirá Pílula anti-HIV, informa Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde anunciou nesta tarde que passará a ofertar no Sistema Único de Saúde (SUS) medicamentos antirretrovirais para prevenir e reduzir o risco de contaminação pelo HIV.
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) começará a ser distribuída no SUS em até 180 dias após a publicação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), prevista para o próximo dia 29.
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, fez o anúncio hoje, durante sua participação na Assembleia Mundial de Saúde realizada em Genebra (Suíça).
Segundo o Portal da Saúde, do SUS, A PrEP consiste na utilização do antirretroviral (truvada) antes da exposição ao vírus, em pessoas não infectadas pelo HIV e que mantêm relações de risco com maior frequência.
“O Brasil, mais uma vez, sai como um dos pioneiros na prevenção e tratamento do HIV”, afirmou o ministro Ricardo Barros, durante entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira por videoconferência.
Ele frisou que a iniciativa é muito importante para as pessoas expostas ao vírus, mas advertiu que a sua inclusão no SUS não dispensa o uso dos outros métodos preventivos.
A PrEP já foi adotada em países como Estados Unidos, Bélgica, Escócia, Peru e Canadá, onde é comercializada apenas na rede privada.
Já França e África do Sul são alguns dos países que oferecem o tratamento pelo sistema público de saúde.
“No Brasil, a estimativa é que a PrEP seja utilizada por uma população de 7 mil pessoas que fazem parte das populações-chave, no primeiro ano de implantação. Cabe esclarecer que fazer parte desses grupos não é o único critério para indicação da PrEP. Para isso, será necessária uma avaliação da vulnerabilidade do paciente, de acordo com comportamento sexual e outros contextos de vida”, informa o site do SUS.
Essa análise deverá ser feita pelos profissionais de saúde. “Uma série de critérios deve ser levada em conta antes da indicação da PrEP, como o número de parceiros sexuais, os outros métodos de prevenção utilizados, o compromisso com a adesão ao medicamento, entre outros”, destacou a diretora do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, que participou da videoconferência em Brasília.
A PrEP é de uso contínuo e quem se enquadra no grupo que deve realizar o tratamento precisa tomar o comprimido diariamente para ficar protegido do HIV. A proteção se inicia a partir do 7º dia para exposição por relação anal e a partir do 20º dia para exposição por relação vaginal.
O tratamento só é indicado se testagem do paciente para HIV der negativa, uma vez que ela é contraindicada para pessoas já infectadas pelo vírus, pois pode causar resistência ao tratamento.
Inicialmente, a prevenção será implementada em 12 cidades (Porto Alegre; Curitiba; São Paulo; Rio de Janeiro; Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Manaus, Brasília, Florianópolis, Salvador e Ribeirão Preto) e, ao longo do ano, será estendida para todo o país.
Prevenção combinada
A PrEP é uma estratégia adicional dentro de um conjunto de ações preventivas, denominadas “prevenção combinada” como forma de potencializar a proteção contra o HIV, segundo o SUS.
A prevenção combinada inclui: testagem regular; profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP); teste durante o pré-natal e tratamento da gestante que vive com o vírus; redução de danos para uso de drogas; testagem e tratamento de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) e das hepatites virais; uso de preservativo masculino e feminino, além do tratamento para todas as pessoas.
A eficácia da PrEP já foi comprovadas por diversos estudos clínicos, demonstrando que o seu uso pode reduzir o risco de infecção pelo HIV em mais de 90%, sempre que o medicamento é tomado corretamente, uma vez que sua eficácia está diretamente relacionada à adesão adequada.
É muito importante lembrar que a PrEP é apenas um dos componentes da prevenção combinada e não substitui o uso do preservativo, uma vez que a proteção não é de 100%, assim os outros métodos preventivos não devem ser negligenciados. A camisinha também é a forma mais efetiva de proteção contra as outras IST, como sífilis, gonorreia, hepatites B e C, por exemplo, que não são evitadas por meio da profilaxia pré-exposição.