Taís Araújo revela que sofreu abortos e diz como superou situação

29/06/2017 16:43 / Atualizado em 09/05/2018 18:00

A atriz, Taís Araújo, 38, revelou já ter sofrido dois abortos espontâneos em entrevista para a nova edição da revista “Marie Claire“.

Ela, que tem dois filhos – João Vicente, 5, e Maria Antônia, 2 – com o marido e também ator Lázaro Ramos, disse que na primeira gestação, da qual nasceu seu filho, ocorreu uma das perdas.

“Sofri duas perdas espontâneas. A primeira de um nenê que seria gêmeo do João, mas não vingou. Com dois meses, descobri que ele não tinha batimentos cardíacos. Felizmente o corpo reabsorveu o feto e não foi traumático. Mas foi sofrido. Chorei muito e o Lázaro me chamou para a realidade. Disse: Ei, tem uma criança aí que precisa de você inteira”, disse Taís na entrevista.

Para ela, o segundo aborto foi mais difícil: “Estava tentando o segundo filho havia um tempo e perdi com um mês e pouco. Tive sangramento, senti dor. Fiquei arrasada, mas segurei a onda. Exatamente um ano depois, engravidei da Maria”, afirmou.

Taís, que teve seus filhos de cesárea, contou que inicialmente queria parto normal, mas sentiu medo e pediu à irmã, Cláudia, que é obstetra para que a atendesse. Só que sua irmã mora em Brasília, então os partos tiveram que ser programados. “Senti muita pressão por parte dos defensores do parto normal, mas minha escolha precisa ser respeitada. Isso não faz uma mulher mais mãe do que outra”, afirma.

Neste dia das mães eu quero agradecer meus filhos por ajudarem, a cada dia, ser um pouco mais… mãe. É que não fui criada para ser mãe. Pelo contrário, minha mãe me criou para ser mulher independente, trabalhadora e uma cidadã consciente dos meus direitos e deveres. Nunca sonhei casar como princesa. Curioso que quando eu falava em formar uma família, filhos não passavam pela minha cabeça. Porque pra mim, família é onde existe amor. Até que chegou o dia que eu engravidei do meu filho. Não, não foi por acaso. Eu quis e durante um tempo virou quase obsessão. Era a minha razão lutando com uma vontade que eu não sabia de onde vinha. Instinto? Pode ser, mas logo comigo que não acredito que toda mulher veio ao mundo pra ser mãe e que a maternidade é uma escolha? Decidi ser mãe sem fazer ideia do poder de transformação da maternidade. Conforme a barriga crescia, minha alegria e meus medos cresciam juntos. Tinha muito medo de tudo: doenças, injustiças, de não saber lidar, educar, me comunicar ou construir uma relação com meu filho. Tinha medo, mas ao mesmo tempo tinha alegria e todo amor do mundo. Era muito confuso. Até o nascimento de meu filho… Momentos frágeis e de força se alternavam. Naturalmente percebi que tudo o que comecei a fazer era por e para ele. Percebi também que a vida de mulher independente não me pertencia mais. E o mais surpreendente é que não a queria de volta. Não trocaria uma noite mal dormida amamentando por uma noite mal dormida com uma bebida na mão. Meus filhos me fazem querer ser melhor mãe, cidadã, mulher, profissional. E cada vez que chego em casa meu coração dispara, meus olhos enchem d’água. Pois no fundo o que me deixa forte para a batalha do dia a dia é o abraço e o cheiro deles. Então, nesse dia das mães eu quero agradecer meus filhos por me sustentarem com seus sorrisos, lágrimas, abraços, beijos, reclamações, dramas, manhas e… amor. João Vicente e Maria Antônia, obrigada por terem me escolhido pra ser a mãe de vocês.

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Ela disse que mesmo optando pela cesárea, teve medo antes do nascimento dos dois filhos: “Na da Maria, quando estava entrando no elevador para a sala de cirurgia, o João deu um grito: Mãe! Não vai!. E o medo de o moleque ficar sem mãe? Falei para o Lázaro: Se eu morrer, deixa a minha mãe te ajudar com as crianças. Ele respondeu: Pelo amor de Deus, isso é hora de falar uma coisa dessas?'” conta atriz.

Na entrevista ela também fala sobre vida além da maternidade, criação dos filhos, racismo, entre outros assuntos. Veja.

A importância de viver o luto em casos de aborto espontâneo

Segundo a psicóloga Raquel Baldo, do Minha Vida, parceiro do Catraca Livre, a gestação pode representar sonhos e expectativas de mudanças e novidades e por isso é muito comum ser considerada uma fase tão especial.

“Como psicóloga e psicanalista percebo em torno deste assunto que o termo “espontâneo” pode ser uma porta aberta para uma má interpretação desta fase emocional tão delicada e que na verdade representa a perda de um filho, um filho que representa sonhos, sonhos que representam mudanças, mudanças que envolvem um todo… o luto”, afirma.

Segundo ela, o termo “espontâneo” muitas vezes leva algumas vezes à uma reação repressora do luto, como uma imposição de que a pessoa deveria entender a perda, sem dar espaço para que ela a sinta.

Segundo ela, assim como em qualquer luto, não há docas totalmente válidas para ajudar.

“O ideal é sempre observar a pessoa e dar espaço para que ela manifeste sua dor da forma que for possível, sendo sempre respeitada acima de tudo. Não ignorando ou disfarçando a realidade sofrida, assim como também não invadindo e forçando um sofrimento, um choro ou tristeza. Uma ajuda profissional e psicológica pode ser de grande ajuda, caso a pessoa enlutada demonstre muita dificuldade em dar continuidade a seu dia a dia, como trabalhar, estudar, comer, se cuidar. Se com o passar do tempo o sofrimento mostrar que se intensifica, pode ser de grande valia considerar essa alternativa”, afirma Raquel.