Tudo (ou quase) sobre a pílula anticoncepcional

Texto por Letícia Naísa

As mulheres buscam nos contraceptivos a autonomia sobre seus corpos, o poder de decidir quando e quantos filhos ter. Apesar dessa vantagem, a primeira pílula que tomei bateu bem ruim. Isso também aconteceu com várias outras mulheres. Algumas desenvolveram só os efeitos colaterais chatos de espinhas infernais no rosto ou perda de libido, mas outras foram parar na UTI por causa do hormônio ingerido todos os dias por anos a fio. Assim, sabemos dos benefícios. Mas quais os problemas que a pílula anticoncepcional pode trazer?

 

A pílula anticoncepcional surgiu nos anos 50 nos EUA, e começou a ser comercializada nos anos 60. Ela foi uma das grandes responsáveis pela queda na taxa de natalidade de muitos países e também pela revolução sexual de uma geração.

O químico mexicano ​Luís Miramontes descobriu em 1951 como extrair progesterona sintética de plantas para que o medicamento pudesse ser feito na indústria. As pílulas comercializadas de fato desde o início são as combinadas de estrogênio e progesterona. A ginecologista Ana Luiza Antunes Faria, do Hospital Pérola Byington em São Paulo, me explicou que a progesterona é a responsável pelo efeito contraceptivo da pílula, o estrogênio controla o padrão do fluxo menstrual e potencializa o efeito da progesterona. A mecânica da pílula não é simples. A progesterona engana nosso cérebro para achar que ovulamos todo mês, impedindo a liberação do hormônio FSH (responsável pelo crescimento do óvulo), o que impede a ovulação de fato.

Entre prós e contras, não ovular permitiu às mulheres controlarem o número de filhos que queriam ter. Consequentemente, elas passaram a ocupar espaços fora do lar, ​foram para as universidades e entraram de vez para o mercado de trabalho.

No Brasil, a primeira pílula que surgiu no mercado foi a ENOVID, em 1962. Joana Maria Pedro, historiadora, professora da Universidade Federal de Santa Catarina e autora do trabalho “​A experiência com contraceptivos no Brasil: uma questão de geração”, conta que elas surgiram para… [Continue lendo aqui.]