Cruzando a Cordilheira dos Andes de carro

Por: Catraca Livre
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Porque optamos por passagens para Santiago?

Primeiramente os valores eram bem mais baixos, pois não existem voos direitos para Mendoza. Todavia, a ideia de percorrer quase 400km pelos Andes era algo muito inusitante. Seria uma viagem diferente, e isso nos atraiu.

Neste post explico nosso roteiro detalhadamente. A viagem ocorreu entre os dias 21/12/2014 e 05/01/2015. Cruzamos a Cordilheira no dia 24 de dezembro para chegar em Mendoza para a ceia de Natal.

Alugando um carro no Chile para cruzar a fronteira:

Alugar em carro em viagens é sempre uma ótima opção, mas dependendo da cidade não há necessidade. Santiago é uma delas, pois táxi e metro são muito baratos. Retiramos o carro somente no dia anterior a viagem para a Argentina

Geralmente alugar um carro tem um ótimo custo benefício, contudo, para cruzar a fronteira, há necessidade de pagamento de seguro  internacional e de permissão especial (exigência do Governo Argentino). Portanto, a locadora precisa ser avisada com antecedência sobre a intenção do viajante de cruzar a fronteira, para providenciar toda a papelada.

Uma dica é fazer o trajeto com moeda chilena e argentina, pois há alguns pedágios pelo caminho, bem como viajar com o tanque cheio, eis que são poucos os lugares para abastecer.

 Como chegar:

Saindo de Santiago siga pela Ruta 57 e depois pela Ruta 60, após cruzar a fronteira a estrada segue pela RN 7 na Argentina.

O percurso é de aproximadamente 350km, sendo 180Km na RN 7.

Cruzando a fronteira: 

A fronteira entre Chile e Argentina fica na parte mais alta das montanhas. Primeiramente passa-se pelo posto da Alfandega do Chile (não há necessidade de parar). Logo em seguida a divisa entre os dois países ocorre no Túnel do Cristo Redentor. Mais adiante localiza-se o posto de alfandega da Argentina, no qual ocorrerá o trâmite de entrada e saída.

É um pouco burocrático e dependendo do horário pode ser demorado. Há poucos guichês e muita documentação para mostrar e preencher, além da vistoria no carro. Mas se der sorte, e não tiver muitos carros na frente, em 20 minutos está tudo resolvido.

Na volta, passa-se direto pela alfândega da Argentina e a burocracia acontece no posto de alfândega do Chile.

Curiosidade: O túnel que divide os países a uma altura de 3.175m tem 3.080m de extensão, sendo 1.564 no território chileno e 1.516 no território argentino, foi inaugurado na década de 80.

A antiga rota entre os países ainda existe, pode ser explorada e leva ao Cristo Redentor de Los Andes a uma altitude de quase 4.000 m. Pelo lado chileno o acesso a estrada encontra-se após a estação de esqui Portillo e pelo lado argentino, seguindo em direção ao povoado de Las Cuevas.

A estrada só funciona durante o verão, devido a nevasca.

A estátua do Cristo foi construída para selar o tratado de paz entre o Chile e a Argentina.

Infelizmente nós não visitamos a estátua. Temos que deixar algum motivo para voltar!!! rsr

O caminho: Paso los Libertadores

A Cordilheira dos Andes, localizada ao longo da costa ocidental da América do Sul, possui aproximadamente 8.000 km de extensão e é a maior cadeia de montanhas do mundo. É uma longa fronteira natural entre Chile e Argentina, além de ocupar o território de diversos países, tais como: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.

A altitude média é de 4.000 m e seu ponto mais alto é o monte Aconcágua, nos Andes argentinos, com seus 6.962 metros de altura, considerado o ponte mais alto das Américas e de todo Hemisfério Sul.

Logo que deixamos Santiago, já começamos a subida da pré-Cordilheira. O caminho é muito bonito de paisagens que lembra a estrada de Los Angeles a Las Vegas, bem árida, com pouca vegetação, alguns cactos, céu azul e muito sol.

 1. Logo no início da Ruta 60, a paisagem muda e a subida acentua. O lado chileno é composto por montanhas rochosas em nuances marron escuro acinzentado. Pouca vegetação e rios pelo caminho.

Todo o trajeto é paralelo a antiga ferrovia abandonada (Ferrocarril Transandino), que ligava a cidade chilena Los Andes a Mendoza na Argentina, em um percurso de 248 km. Foi inaugurada em 1910 e funcionou até 1984.

A obra realmente impressiona. Muitos pontos conservados, todavia outros destruídos por avalanches ou pedras.

Do lado esquerdo túnel do trem destruído[/img]

A paisagem é algo incrível e lindo de ver e sentir. Montanhas rochosas com seus picos nevados, rios e pequenas cachoeiras decorrente do degelo dos Andes compõe um ambiente único.

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2 – A subida é bem ingrime do lado chileno e logo localiza-se a famosa Estrada Caracoles, com suas 29 curvas em forma de ferradura, sem qualquer proteção, percorrendo um desnível de aproximadamente 700 m. Aventura na certa.

Uma dica é parar na curva 17 para tirar foto, pois é desse local que se tem uma ampla visão da estrada.

A temperatura de repente despenca e o vento frio gela até a alma. No inverno é obrigatório o uso de correntes.

Será que ela estava com frio?? rsrs[/img]

3. Logo após a subida e quase a 3.000m de altura localiza-se a estação de Esqui Portillo, quase na divisa com a Argentina, a 120km de Santiago. Construído na década de 40, é o centro de esqui mais antigo da América do Sul.

4. Ultrapassada a Fronteira encontra-se o Parque Provincial Aconcágua. É impressionante a beleza do lugar.   O pico nevado enche aos olhos. Um gigante em meio as montanhas.

 

Apesar da altitude, não senti diferença na respiração ou nos batimentos cardíacos. Mas para quem for fazer o trekking no parque, todo cuidado é pouco, pois a essa altitude o nível de oxigênio no ar diminui. Até 3.000 metros de altitude não há necessidade de aclimatação, todavia cada organismo responde de um jeito. Minha cunhada sofreu do famoso “Mal da Montanha”, em decorrência da altura. Os sintomas característicos são: dor de cabeça, náuseas e vômitos.

5. Passando a entrada do parque encontra-se a Puente del Inca a 2.700m de altura.

É um arco natural formado sobre o Rio Vacas, afluente do Rio Mendoza. No local há fontes de águas termais, sendo que no início do século passado foi construído um Hotel-SPA frequentado por personalidades ilustres da época. O hotel foi destruído por um avalanche e hoje restam as ruínas e uma paisagem inesquecível.

Farei um post específico sobre o local, pois há muita história para contar.

6. Mais adiante está a Estação Penitentes inaugurada no final da década de 70, um conceituado centro de esqui localizado a 180km de Mendoza.

7. Descendo pelo lado Argentino é bem mais tranquilo, com curvas não tão acentuadas. A estrada acompanha o rio Mendoza. Parece mentira, mas a paisagem é completamente diferente a do lado chileno. Solo mais arenoso e colorido com nuances de vermelho e amarelo, alguma vegetação dando uma tonalidade esverdeada.

8. Em meio ao clima semi-desértico, a uma altitude de  1.750 m encontra-se a cidadezinha de Uspallata. Um verdadeiro oásis em meio a vegetação seca e montanhosa. Grandes áreas verdes e muito turismo aventura, tais como trekkink, rafiting, cavalgada, tirolesa, escalada atraem muitos turista.

Esse é o único lugar para um stop para refeição.

9. A uma altitude de 1.350 m encontra-se Potrerillos. Uma deslumbrante lagoa azul em meio as montanhas. É um dique contruído para regular o fluxo do Rio Mendoza e melhorar o fornecimento de água para a população. Serve também para prática desportiva.

 10. Após a descida da Cordilheira, a estrada leva a Mendoza, passando por diversas vinícolas.

Importante: durante o inverno e devido as nevascas, alguns pontos da estrada ficam interrompidos. Informe-se antes.

O trajeto é lindo e vale a pena fazê-lo. Demoramos aproximadamente 6 horas na travessia. Um espetáculo da natureza que pude conhecer.

No blog Curioviagens você encontrará informações sobre diversos lugares.

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Até a próxima viagem!