1/3 das árvores corre o risco de desaparecer, diz relatório internacional

A América do Sul está entre as mais impactadas pelo desmatamento, com 3.356 espécies em risco

29/10/2024 17:46

Notícia foi destaque da 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16) luoman / iStock
Notícia foi destaque da 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16) luoman / iStock - luoman / iStock

Mais de um terço das espécies de árvores no mundo estão agora listadas como ameaçadas de extinção na prestigiada Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), revelou recentemente uma coalizão de cientistas internacionais. Esse número é tão impactante que ultrapassa até mesmo o total de animais em risco, somando desde anfíbios até mamíferos.

O anúncio foi destaque na 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 16), que está sendo realizada em Cali, Colômbia, de 21 de outubro até 1º de novembro, com o objetivo de acompanhar os avanços no cumprimento das metas globais de conservação até 2030.

Ameaça às arvores: um Chamado à Ação

Com a participação de mais de mil especialistas, essa ampla avaliação de árvores foi conduzida pela IUCN em parceria com a ONG britânica Botanic Gardens Conservation International (BGCI). Emily Beech, pesquisadora da BGCI, ressaltou em entrevista à BBC que o estudo abrangeu mais de 80% das espécies de árvores conhecidas, revelando que 16.425 delas (ou 38%) encontram-se sob ameaça. Essas árvores essenciais habitam ecossistemas em mais de 190 países.

A América do Sul, região com a maior diversidade arbórea, está entre as mais impactadas, com 3.356 espécies em risco. Espécies icônicas como as magnólias, carvalhos, bordos e ébanos figuram entre as mais ameaçadas. Áreas insulares, com alta concentração de espécies endêmicas, são ainda mais vulneráveis; em Madagascar, por exemplo, várias espécies de jacarandás estão sob risco, enquanto Bornéu enfrenta a ameaça de extinção de 99 espécies da família Dipterocarpaceae.

Causas da crise e o desmatamento incontrolável

Agricultura, exploração madeireira e urbanização são as principais causas dessa devastação, com a influência adicional de pragas e doenças, especialmente nas zonas temperadas. Embora o impacto das mudanças climáticas seja inegável, o estudo aponta que a extensão dos danos futuros ainda permanece incerta.

A preocupação com o desmatamento também cresce, sendo um dos grandes obstáculos para a biodiversidade e o clima. Em 2021, mais de 140 nações, incluindo grandes potências como Brasil, China, Rússia e Estados Unidos, comprometeram-se a eliminar o desmatamento até 2030. No entanto, dados recentes revelam que o progresso ainda está aquém do necessário para conter a perda florestal a tempo.

O estudo da IUCN chama atenção para o efeito em cascata dessa crise: além de prejudicar diretamente árvores e plantas, a perda das florestas ameaça inúmeros outros seres vivos, desde animais terrestres até aves migratórias que dependem desses habitats. A degradação florestal pode ter repercussões profundas na regulação dos ciclos naturais de água, nutrientes e carbono – processos cruciais para o equilíbrio da biosfera.

Diante do risco do desaparecimento de espécies da fauna e flora, os especialistas enfatizam a necessidade de preservação e restauração dos ecossistemas florestais saudáveis e diversos.