ChatGPT surpreende cientistas ao resolver teste de Platão de forma inédita
Estudo de Cambridge revela que a IA não apenas recupera informações, mas pode demonstrar raciocínio semelhante ao aprendizado humano quando guiada
Dois pesquisadores da Universidade de Cambridge decidiram aplicar ao ChatGPT o famoso problema matemático descrito por Platão no diálogo Mênon: como dobrar a área de um quadrado usando apenas raciocínio lógico. No texto original, Sócrates guia um jovem escravo até a solução correta, usando perguntas para demonstrar que o conhecimento pode ser extraído com ensino adequado.
O que surpreendeu os cientistas foi que o ChatGPT não simplesmente repetiu a solução geométrica tradicional. Em vez disso, utilizou álgebra, um conceito desenvolvido séculos depois de Platão, e só mais tarde apresentou a solução clássica. Isso indicou que a IA pode gerar novos caminhos de solução em vez de apenas recuperar dados prontos de seu treinamento.
Resistência a erros e reflexão
Os pesquisadores tentaram induzir o ChatGPT ao erro, sugerindo que dobrar os lados do quadrado dobraria a área. O modelo recusou a ideia e explicou detalhadamente que essa ação quadruplicaria a área, demonstrando compreensão conceitual.
Quando o desafio foi modificado para retângulos, a IA não aplicou de forma errada o mesmo raciocínio, mostrando sensibilidade às diferenças geométricas.
A “Zona de Desenvolvimento Proximal” do Chat
Inspirados na teoria de Lev Vygotsky, os pesquisadores cunharam o termo “Zona de Desenvolvimento Proximal do Chat”. Esse conceito descreve problemas que a IA não resolve sozinha, mas consegue solucionar quando recebe orientação adequada, assim como um estudante que aprende com ajuda de um professor.
O estudo sugere que o ChatGPT pode ser usado como parceiro de aprendizado. Professores podem criar prompts que incentivem colaboração, exploração e raciocínio passo a passo, em vez de apenas pedir respostas diretas. Essa abordagem ajuda os alunos a desenvolver pensamento crítico, entender por que certas soluções estão corretas e até acompanhar os erros da própria IA.
Limites e futuro da pesquisa
Os autores alertam que o estudo envolveu apenas uma conversa com o ChatGPT-4, e os resultados podem variar em versões futuras. No entanto, as descobertas abrem caminho para novas formas de integrar IA ao ensino, transformando-a em ferramenta para desenvolver raciocínio, não apenas para fornecer respostas rápidas.