Cidade que mais afunda no mundo em ritmo alarmante pode desaparecer; moradores se mudarão para a floresta
Com 40% da cidade abaixo do nível do mar, moradores se preparam para habitar nova cidade que deve receber milhões de pessoas até 2045
Jacarta, capital da Indonésia desde o período colonial holandês no século XVII, enfrenta um dos maiores desafios urbanos do mundo: o afundamento acelerado de seu território. Atualmente, cerca de 40% da cidade está abaixo do nível do mar, resultado da extração excessiva de água subterrânea, poluição e congestionamentos crônicos. Diante desse cenário, o governo decidiu agir de forma inédita: construir uma nova capital em meio à floresta.
Nusantara: a nova capital da indonésia
Batizada de Nusantara, a cidade está em construção desde 2022 e deve receber seus primeiros moradores nos próximos meses. O presidente Joko Widodo considera o projeto um marco histórico, avaliado em US$ 33 bilhões (R$ 179,8 bilhões). Para atrair investidores, foram oferecidos incentivos, incluindo direitos de terra de até 190 anos.
Ao contrário de Jacarta, sufocada por problemas ambientais, Nusantara foi planejada para ser verde, tecnológica e sustentável. Mais de 60% de sua área total, o dobro do tamanho de Nova York, será dedicada a espaços ecológicos, com trilhas, ciclovias e áreas de convivência.
Realocação e dúvidas da população
O plano prevê que 1,9 milhão de pessoas sejam transferidas para Nusantara até 2045. O primeiro grupo, formado por cerca de 10 mil funcionários públicos, deve se mudar já em setembro. No entanto, a transição não está livre de questionamentos.
Alguns indonésios relataram preocupações sobre a infraestrutura limitada da nova capital. As torres residenciais, por exemplo, foram projetadas apenas com unidades de três quartos, obrigando solteiros a dividir moradia. Além disso, moradores questionam sobre escolas, lazer e qualidade de vida na cidade que ainda está em desenvolvimento.
Apesar das críticas, Nusantara representa uma aposta ousada e única no mundo: a criação de uma capital planejada do zero, pensada para resistir às mudanças climáticas e ao avanço do mar. Para o presidente Joko Widodo, a nova cidade é “uma tela onde o futuro é criado”, refletindo o desejo da Indonésia de construir uma metrópole moderna, ecológica e resiliente.