Cientistas encontram a mais forte evidência até agora de vida fora da Terra

Substâncias produzidas por organismos vivos foram detectadas na atmosfera de um planeta a 124 anos-luz do nosso

17/04/2025 19:29

A pergunta “Estamos sozinhos no universo?” pode estar mais próxima de uma resposta. Um novo estudo publicado no The Astrophysical Journal Letters aponta a descoberta mais promissora até agora de possíveis sinais de vida extraterrestre. Utilizando o avançado Telescópio Espacial James Webb (JWST), astrônomos detectaram substâncias químicas na atmosfera do exoplaneta K2-18 b que, na Terra, são associadas à presença de vida.

Moléculas de enxofre ligadas à vida marinha

  • A pesquisa, conduzida por uma equipe da Universidade de Cambridge, identificou dimetilsulfeto (DMS) e dimetildissulfeto (DMDS) – compostos de enxofre que, em nosso planeta, são produzidos principalmente por microrganismos marinhos.
  • Essa detecção reforça indícios anteriores de DMS observados em K2-18 b, sugerindo que este exoplaneta pode ter condições adequadas para abrigar vida microscópica.
  • Segundo os pesquisadores, a nova evidência foi obtida com o instrumento MIRI, do Telescópio Webb, que observou o planeta em infravermelho médio. A confiança estatística da detecção é impressionante: cerca de 99,7%.

Um mundo aquático na zona habitável

  • K2-18 b está localizado a aproximadamente 124 anos-luz da Terra, em uma região considerada a “zona habitável” de sua estrela – ou seja, onde a água líquida pode existir.
  • O planeta é classificado como um mundo hiceano: uma classe de exoplanetas cobertos por vastos oceanos e envoltos por uma atmosfera rica em hidrogênio.
  • Esse tipo de planeta se tornou um dos principais alvos na busca por vida fora do sistema solar, justamente por combinar ambiente aquático e condições atmosféricas compatíveis com processos biológicos.
Telescópio James Webb detecta maior sinal de vida extraterrestre
Telescópio James Webb detecta maior sinal de vida extraterrestre - buradaki/istock

Substâncias produzidas por organismos vivos

DMS e DMDS são considerados gases de bioassinatura – substâncias que, na Terra, são produzidas por organismos vivos. Embora existam processos não biológicos que possam gerar essas moléculas, manter as altas concentrações observadas em K2-18 b sem ação biológica seria improvável. Os níveis estimados são milhares de vezes superiores aos da Terra.

Considerando tudo o que se sabemos sobre este planeta, um mundo oceânico com vida é o cenário que melhor se encaixa nos dados obtidos, segundo os pesquisadores. 

O futuro da busca por vida

Apesar da empolgação, os cientistas ressaltam que é necessário cautela. Novas observações com o Telescópio Webb podem elevar a confiança atual para um nível ainda mais robusto – 99,99%.

Se confirmada, essa poderá ser a primeira detecção de uma bioassinatura fora do sistema solar, representando um marco na história da astronomia e da ciência como um todo.

Essa descoberta não apenas alimenta a imaginação sobre vida alienígena, mas também redefine os caminhos da astrobiologia, abrindo novas possibilidades de estudo em mundos até então pouco explorados.