Invenção de uma nova forma de refrigeração: Sem necessidade de gás, mais ecológica que uma geladeira.

Tecnologia publicada na Nature Energy ainda em testes.

30/10/2025 14:06

Os sistemas tradicionais de refrigeração dependem de gases que contribuem significativamente para o aquecimento global. Pesquisadores ao redor do mundo buscam alternativas que reduzam o impacto ambiental sem comprometer a eficiência no resfriamento de ambientes.

Uma descoberta recente promete transformar completamente o setor de climatização. Cientistas desenvolveram um método inovador que dispensa totalmente o uso de gases refrigerantes e ainda oferece desempenho superior aos aparelhos convencionais.

O princípio por trás da refrigeração elastocalórica baseia-se no comportamento de determinadas ligas metálicas
O princípio por trás da refrigeração elastocalórica baseia-se no comportamento de determinadas ligas metálicas

Qual tecnologia substitui os gases nocivos usados em ar-condicionados?

A resposta está na refrigeração elastocalórica, um sistema criado por pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong. Essa técnica utiliza ligas metálicas especiais que alteram sua temperatura quando submetidas a pressões mecânicas, eliminando completamente a necessidade de compressores e fluidos prejudiciais.

Os principais benefícios dessa inovação impressionam pela combinação de eficiência e sustentabilidade:

  • A tecnologia é 48% mais eficiente que os sistemas tradicionais de ar-condicionado, consumindo menos energia elétrica e reduzindo custos na conta de luz
  • Não utiliza hidrofluorocarbonetos (HFCs) nem qualquer outro gás refrigerante controlado por acordos internacionais como o Protocolo de Montreal
  • Opera sem compressores ou motores tradicionais, tornando o sistema mais silencioso e eliminando peças que costumam apresentar falhas frequentes

Como funciona o processo de resfriamento sem gases refrigerantes?

O princípio por trás da refrigeração elastocalórica baseia-se no comportamento de determinadas ligas metálicas, principalmente compostas por níquel e titânio. Quando uma força mecânica é aplicada sobre esses materiais, eles aquecem instantaneamente, e ao liberar a pressão, resfriam rapidamente.

Esse ciclo pode ser repetido continuamente, criando um sistema de resfriamento constante sem depender de gases que contribuem para o efeito estufa. A técnica foi descoberta originalmente na década de 1980, mas apenas recentemente os pesquisadores conseguiram aprimorá-la para aplicações práticas em larga escala, utilizando três ligas metálicas diferentes para otimizar a eficiência térmica.

O princípio por trás da refrigeração elastocalórica baseia-se no comportamento de determinadas ligas metálicas
O princípio por trás da refrigeração elastocalórica baseia-se no comportamento de determinadas ligas metálicas

Onde essa inovação pode ser aplicada além da climatização residencial?

As possibilidades de aplicação dessa tecnologia vão muito além do resfriamento de ambientes domésticos. Os cientistas identificaram diversos setores que podem se beneficiar dessa descoberta revolucionária.

Entre as áreas com maior potencial de implementação, destacam-se:

  • Veículos elétricos podem utilizar o sistema para otimizar o desempenho das baterias, aumentando a autonomia e prolongando a vida útil dos componentes eletrônicos
  • Indústrias que necessitam de controle térmico preciso encontram nessa tecnologia uma alternativa mais econômica e sustentável para processos de fabricação
  • Hospitais e laboratórios podem aplicar o conceito em equipamentos médicos que exigem refrigeração constante sem variações de temperatura
  • Centros de dados e servidores de computação se beneficiariam da ausência de ruído e da maior eficiência energética do novo sistema

Por que essa tecnologia ainda não está disponível no mercado?

Apesar dos resultados promissores obtidos em ambiente laboratorial, a tecnologia elastocalórica precisa superar alguns desafios antes da comercialização em larga escala. Os pesquisadores publicaram seus achados na revista científica Nature Energy, mas reconhecem que mais testes são necessários.

As principais barreiras incluem questões de durabilidade dos materiais quando submetidos a ciclos repetidos de compressão, viabilidade econômica da produção industrial dessas ligas especiais e compatibilidade com sistemas de ventilação já existentes em residências e edifícios comerciais. No entanto, especialistas estimam que com investimentos adequados, essa alternativa aos aparelhos convencionais pode chegar ao mercado nos próximos anos, especialmente em países comprometidos com metas de redução de emissões.

Se você se interessa por inovações que combinam tecnologia avançada com responsabilidade ambiental, acompanhe os desenvolvimentos dessa área. Descobertas como essa demonstram que é possível aliar conforto térmico à preservação do planeta para as próximas gerações.