Morcego que se alimenta de sangue aparece pela 1ª vez no Brasil

Animal foi capturado no Rio Grande do Sul e traz perigo a aves silvestres

27/06/2020 16:27

Quando a gente que ainda faltam alguns passos até a porta do fim do mundo, vem uma novidade para dar mais um empurrãozinho na gente para mais perto dela. Foi descoberta uma nova espécie de morcego que se alimenta de sangue. E o pior: aqui no Brasil.

Morcego de espécie rara foi encontrado em Restinga Seca
Morcego de espécie rara foi encontrado em Restinga Seca - Reprodução André Witt/Governo do estado

A presença do animal, até então inédita no Rio Grande do Sul (RS), foi identificada por técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, em Restinga Seca, na Região Central do estado.

Três animais da espécie Diaemus youngi, de morcegos hematófagos, foram localizados em 2019, entretanto, a captura foi divulgada somente na última sexta-feira, 26, pela secretaria estadual.

Segundo o G1, até então, somente a presença de uma espécie hematófaga era conhecida na região, a Demodus rotundus.

A descoberta foi publicada no periódico científico “Notas sobre Mamíferos Sudamericanos”, da Sociedade Argentina para o Estudo de Mamíferos (Sarem). Após a publicação do artigo, novos espécimes de Diaemus youngi também foram encontrados na região das Missões.

Agora, vamos ao que interessa. Não, o Diaemus Youngi não se alimenta de sangue humano. Porém, ele gosta de sangue de aves silvestres e galinhas criadas soltas. A parte boa disso tudo é que ele não transmite raiva, como é o caso da espécie mais comum no estado.

Wilson Hoffmeister, coordenador do Programa de Controle da Raiva Herbívora da Seapdr, disse que a presença dos animais deve inspirar cuidados.

“Descobrir essa espécie no Rio Grande do Sul pode, por exemplo, explicar a disseminação de doenças em aves que não tinham explicação lógica até o momento”, afirmou

André Witt, analista ambiental da secretaria, disse que, para evitar riscos, os produtores de galinhas devem tomar cuidado com suas criações.

“O ideal é que elas sejam resguardadas no período noturno em galinheiro fechado com telas de diâmetro reduzido, tipo passarinheiras”, explicou.