Ninguém quer mais isso em casa: o material que arquitetos estão abandonando
Antes sinônimo de sofisticação, esse acabamento perdeu espaço por questões estéticas, funcionais e até emocionais
Durante anos, ele foi associado a elegância, modernidade e status. O material polido brilhou em pisos, bancadas, paredes e revestimentos, dominando apartamentos decorados e casas de alto padrão. Mas o cenário mudou. Em 2026, arquitetos e designers de interiores são quase unânimes ao afirmar: esse material já não faz mais sentido para o modo como as pessoas querem viver.
O excesso de superfícies brilhantes, especialmente o porcelanato polido e acabamentos altamente reflexivos, está sendo gradualmente abandonado. A mudança não é apenas estética. Ela reflete transformações profundas no comportamento, na busca por conforto visual e na relação emocional com os espaços domésticos.

O material que perdeu espaço nos projetos
O porcelanato polido e outros revestimentos de alto brilho foram amplamente utilizados nas últimas décadas. Eles prometiam amplitude visual, sensação de limpeza e um visual sofisticado. Em fotos e apartamentos decorados, o efeito funcionava bem.
Na prática, porém, o dia a dia revelou problemas que hoje pesam na decisão dos profissionais. Reflexos excessivos, marcas constantes de pés e respingos, sensação de frieza e até desconforto visual passaram a incomodar moradores e arquitetos.
Aos poucos, esse tipo de acabamento começou a ser visto como pouco acolhedor e, em muitos casos, ultrapassado.
Por que arquitetos estão abandonando o brilho excessivo
A principal crítica ao material está ligada à experiência sensorial dentro da casa. Ambientes muito brilhantes refletem luz artificial de forma intensa, criam excesso de informação visual e podem gerar sensação de cansaço, especialmente em espaços pequenos.
Além disso, o brilho constante reforça uma estética que prioriza aparência em detrimento do uso real. Casas não são mais pensadas apenas para impressionar visitas, mas para acolher, desacelerar e oferecer bem-estar.
Outro ponto relevante é a manutenção. Superfícies polidas evidenciam qualquer marca, poeira ou gota de água, exigindo limpeza frequente. Em uma rotina cada vez mais corrida, esse fator pesa muito na escolha dos materiais.
A mudança tem relação com comportamento e saúde
O abandono desse material acompanha uma tendência maior no design de interiores: a valorização do conforto emocional. Estudos sobre neuroarquitetura mostram que ambientes com menos reflexo, menos contraste agressivo e mais textura transmitem sensação de segurança e tranquilidade.
O brilho intenso, antes associado ao luxo, hoje é percebido por muitas pessoas como frio, impessoal e até ansioso. Em um mundo marcado por excesso de estímulos digitais, a casa passou a ser vista como refúgio, não como vitrine.
Essa mudança explica por que arquitetos estão priorizando materiais que absorvem luz em vez de refletir, criando espaços mais silenciosos do ponto de vista visual.
O que entra no lugar do material abandonado
Com a saída de cena do porcelanato polido e de acabamentos espelhados, surgem alternativas que dialogam melhor com o estilo de vida atual. Superfícies foscas, acetinadas e com textura natural ganham protagonismo.
Porcelanatos acetinados, por exemplo, mantêm a praticidade, mas eliminam o reflexo excessivo. Pisos com aparência de pedra natural, cimento queimado fosco e madeira ganham espaço por transmitirem sensação de estabilidade e aconchego.
O mesmo vale para bancadas e paredes. Materiais com acabamento opaco, toque suave e aparência menos industrial passam a ser vistos como mais elegantes e duradouros.

Adeus ao luxo óbvio, bem-vindo ao luxo sensorial
Em 2026, o conceito de luxo também muda. Ele deixa de estar ligado ao brilho e à ostentação e passa a ser associado à experiência. Um ambiente confortável aos olhos, agradável ao toque e fácil de manter é considerado mais valioso do que superfícies que apenas impressionam à primeira vista.
Arquitetos apontam que casas muito brilhantes envelhecem mal. Tendências baseadas em impacto visual rápido tendem a cansar, enquanto materiais mais neutros e naturais permanecem atuais por mais tempo.
Essa mudança também conversa com a sustentabilidade. Materiais atemporais reduzem a necessidade de reformas constantes, diminuindo desperdício e impacto ambiental.
Em quais ambientes essa mudança é mais visível
A rejeição ao brilho excessivo aparece com mais força em salas, cozinhas e banheiros. Em áreas sociais, o reflexo exagerado interfere na iluminação e na percepção de conforto. Em cozinhas, o problema está na manutenção constante. Já nos banheiros, superfícies muito polidas podem transmitir sensação de frieza, o oposto do que se busca hoje.
Até mesmo em halls e áreas comerciais residenciais, como home offices, o acabamento fosco ganha espaço por favorecer a concentração e reduzir estímulos visuais desnecessários.
O que isso revela sobre as casas de 2026
O abandono desse material não é uma regra rígida, mas um sinal claro de mudança. As casas de 2026 serão mais sensoriais, menos performáticas e mais conectadas às necessidades reais de quem vive nelas.
Arquitetos deixam claro que não se trata de demonizar um material, mas de entender que ele já não responde aos valores atuais. Conforto, praticidade, bem-estar e autenticidade passaram a pesar mais do que brilho e aparência impecável.
No fim, a tendência aponta para um futuro em que a casa deixa de tentar impressionar e passa, finalmente, a acolher.