Rochas encontradas em Marte são o sinal mais promissor de vida já detectado pela NASA
Amostra coletada pelo rover Perseverance contém minerais e compostos que sugerem atividade microbiana no passado do planeta vermelho
Uma nova pesquisa publicada na revista Nature indica que uma amostra de rocha coletada pelo rover Perseverance, na Cratera Jezero, pode conter sinais de vida microbiana antiga. A amostra, chamada Sapphire Canyon, foi retirada de uma rocha apelidada de Cheyava Falls e apresenta o que os cientistas chamam de bioassinatura potencial — uma combinação de minerais e compostos químicos que, na Terra, costumam ser associados a atividade biológica.
Segundo Sean Duffy, administrador interino da NASA, essa é a descoberta mais próxima que já tivemos de evidências de vida fora da Terra. Apesar do entusiasmo, os cientistas ressaltam que novas análises serão necessárias para confirmar se o achado realmente tem origem biológica.
Minerais que indicam atividade microbiana
As rochas analisadas são compostas de argila e silte, materiais que preservam bem sinais de vida no registro geológico. Instrumentos do rover encontraram vivianita e greigita, minerais que na Terra surgem em locais ricos em matéria orgânica ou produzidos por microrganismos. Além disso, os sedimentos são ricos em carbono, enxofre e fósforo — ingredientes fundamentais para o metabolismo microbiano.

Os pesquisadores observaram ainda um padrão de manchas coloridas apelidadas de “manchas de leopardo”, que indicam reações químicas possivelmente associadas à presença de vida no passado.
Estudo amplia janela de habitabilidade de Marte
Outro ponto que chama atenção é que essas são algumas das rochas sedimentares mais jovens estudadas pela missão. Isso pode indicar que Marte foi habitável por mais tempo do que se imaginava, e que outros sinais de vida podem estar escondidos em regiões ainda não exploradas.
Katie Stack Morgan, cientista do projeto Perseverance, afirma que alegações desse tipo exigem evidências extraordinárias e passam por rigorosa revisão científica. Por isso, a comunidade científica global foi convidada a analisar os dados para validar ou refutar a hipótese de origem biológica.
Próximos passos da missão
O rover Perseverance já coletou 27 amostras de rochas desde o pouso em 2021. Essas amostras serão futuramente trazidas para a Terra em uma missão conjunta da NASA e ESA, onde poderão ser estudadas com equipamentos mais avançados, aumentando a chance de confirmar se Marte já abrigou vida.