Como limpar sua tábua de cortar alimentos com 2 produtos e eliminar bactérias

Tábua de cortar alimentos pode esconder riscos à saúde; saiba qual material escolher e como higienizar da forma correta, segundo profissional

02/06/2025 14:52

Por trás de um utensílio aparentemente inofensivo como a tábua de cortar alimentos, pode haver riscos à saúde.

Plástico PEAD é a opção mais segura para evitar bactérias na cozinha.
Plástico PEAD é a opção mais segura para evitar bactérias na cozinha. - iStock/GMVozd

Usada todos os dias para preparar refeições, ela pode se tornar uma fonte de contaminação invisível se não for escolhida, higienizada ou substituída da forma correta.

A gente tem principalmente os riscos de contaminação, seja essa contaminação por má higienização ou por uso incorreto”, explica Rebeca Maia, nutricionista clínica e funcional, em entrevista à Catraca Livre

Todas as orientações da profissional têm como base a RDC-216 da Anvisa, que define boas práticas para serviços de alimentação: “é uma resolução que visa justamente garantir a qualidade e segurança dos alimentos. Então, algumas normas a gente consegue adaptar também para o nosso uso diário.”

Quais são os riscos à saúde associados ao uso de tábuas de cortar alimentos?

Os principais riscos estão relacionados à contaminação, que pode ocorrer por má higienização — quando a limpeza da tábua não é feita de forma adequada, favorecendo a proliferação de bactérias e microrganismos — ou pelo uso incorreto, especialmente em casos de contaminação cruzada.

A contaminação cruzada acontece quando a gente corta alimentos cruz, que são ricos em bactérias, como carnes, frangos, peixes, e logo em seguida a gente usa essa mesma tábua para cortar preparações já prontas ou então vegetais“, explica.

O ideal, segundo Rebeca, seria ter uma tábua para cada tipo de alimento: carnes, frango, peixe, vegetais. “Mas a gente sabe que no dia a dia isso acaba sendo inviável. Então a orientação é que, pelo menos, se tenha uma tábua para carnes e outra para vegetais e frutas, que não se misturem.”

Caso use a mesma no preparo de carnes diferentes, a recomendação é clara: “A gente vai higienizar entre os usos, para não ter a contaminação cruzada entre as bactérias dos dois tipos de alimentos.”

Qual tábua é mais segura?

Entre os modelos disponíveis no mercado, a tábua de plástico é a mais recomendada — mas com ressalvas. “Não é qualquer plástico, de preferência o PEAD, que é um polietileno de alta densidade”, afirma a nutricionista. 

As tábuas têm que ser lisas, impermeáveis, laváveis, que seja de fácil higienização e isentas de rugosidades e frestas.”

Higienização correta é essencial: água quente, detergente e desinfetante garantem uma tábua livre de contaminação.
Higienização correta é essencial: água quente, detergente e desinfetante garantem uma tábua livre de contaminação. - iStock/Tarn Tiny

As de madeira, por outro lado, são menos seguras. “A madeira já é um material mais poroso, tem capacidade maior de reter bactérias e umidade, o que favorece a proliferação de micro-organismos. Pela própria estrutura, ela tem imperfeições que acumulam bactérias.”

E as de vidro? Segundo Rebeca, “elas são seguras no ponto de vista de higiene”, mas apresentam outros problemas. “O custo-benefício não é tão bom para o uso diário porque são mais caras e têm o risco de quebra e de riscos na superfície. A durabilidade não é tão boa quanto a do polietileno.”

Como higienizar corretamente?

A limpeza da tábua deve seguir um passo a passo rigoroso e priorizar dois produtos: detergente e depois água sanitária, de acordo com Rebeca.

A gente vai usar, primeiro, água quente e detergente, vai esfregar bem, de preferência com uma escova, e depois vai desinfetar com água sanitária diluída em água.”

Erros comuns devem ser evitados, como:

  • utilizar só vinagre ou só sabão para higienizar;
  • não higienizar corretamente entre alimentos diferentes;
  • guardar a tábua ainda molhada, já que a umidade favorece o surgimento e a proliferação de bactérias. Por isso, é essencial secá-la completamente antes de guardar;
  • utilizar tábuas com muitas marcas de uso, com riscos e imperfeições.

Quando trocar a tábua?

Assim como qualquer outro utensílio, a tábua também tem prazo de validade — e ele não está escrito na embalagem.

O momento ideal para trocar a tábua é quando ela tem mau cheiro persistente, mesmo com a limpeza correta, ou marcas de uso evidentes, como riscos profundos e manchas que não saem mesmo após a higienização.

Esses danos comprometem a segurança dos alimentos. “Nesses cortes pode ficar a presença de bactérias, como a Salmonella e a E. coli, que causam as chamadas DTAs — doenças transmitidas por alimentos”, explica a nutricionista.

Essas doenças podem causar diarreia, vômitos, febre, desidratação e, em casos graves, podem até ser fatais.”

Tábuas muito usadas e danificadas acumulam bactérias — hora de trocar para proteger sua saúde.
Tábuas muito usadas e danificadas acumulam bactérias — hora de trocar para proteger sua saúde. - iStock/sasimoto

Então, o que fica?

Conforme a nutricionista, para manter a segurança na cozinha, a tábua ideal deve ser de plástico resistente (PEAD), com superfície lisa e sem rachaduras.

Deve ser usada para grupos específicos de alimentos, higienizada com rigor após cada uso e substituída assim que apresentar sinais de desgaste. A aparência pode enganar — mas os riscos são reais.