Como limpar sua tábua de cortar alimentos com 2 produtos e eliminar bactérias
Tábua de cortar alimentos pode esconder riscos à saúde; saiba qual material escolher e como higienizar da forma correta, segundo profissional
Por trás de um utensílio aparentemente inofensivo como a tábua de cortar alimentos, pode haver riscos à saúde.

Usada todos os dias para preparar refeições, ela pode se tornar uma fonte de contaminação invisível se não for escolhida, higienizada ou substituída da forma correta.
“A gente tem principalmente os riscos de contaminação, seja essa contaminação por má higienização ou por uso incorreto”, explica Rebeca Maia, nutricionista clínica e funcional, em entrevista à Catraca Livre.
Todas as orientações da profissional têm como base a RDC-216 da Anvisa, que define boas práticas para serviços de alimentação: “é uma resolução que visa justamente garantir a qualidade e segurança dos alimentos. Então, algumas normas a gente consegue adaptar também para o nosso uso diário.”
Quais são os riscos à saúde associados ao uso de tábuas de cortar alimentos?
“A contaminação cruzada acontece quando a gente corta alimentos cruz, que são ricos em bactérias, como carnes, frangos, peixes, e logo em seguida a gente usa essa mesma tábua para cortar preparações já prontas ou então vegetais“, explica.
O ideal, segundo Rebeca, seria ter uma tábua para cada tipo de alimento: carnes, frango, peixe, vegetais. “Mas a gente sabe que no dia a dia isso acaba sendo inviável. Então a orientação é que, pelo menos, se tenha uma tábua para carnes e outra para vegetais e frutas, que não se misturem.”
Caso use a mesma no preparo de carnes diferentes, a recomendação é clara: “A gente vai higienizar entre os usos, para não ter a contaminação cruzada entre as bactérias dos dois tipos de alimentos.”
Qual tábua é mais segura?
Entre os modelos disponíveis no mercado, a tábua de plástico é a mais recomendada — mas com ressalvas. “Não é qualquer plástico, de preferência o PEAD, que é um polietileno de alta densidade”, afirma a nutricionista.
“As tábuas têm que ser lisas, impermeáveis, laváveis, que seja de fácil higienização e isentas de rugosidades e frestas.”

As de madeira, por outro lado, são menos seguras. “A madeira já é um material mais poroso, tem capacidade maior de reter bactérias e umidade, o que favorece a proliferação de micro-organismos. Pela própria estrutura, ela tem imperfeições que acumulam bactérias.”
E as de vidro? Segundo Rebeca, “elas são seguras no ponto de vista de higiene”, mas apresentam outros problemas. “O custo-benefício não é tão bom para o uso diário porque são mais caras e têm o risco de quebra e de riscos na superfície. A durabilidade não é tão boa quanto a do polietileno.”
Como higienizar corretamente?
A limpeza da tábua deve seguir um passo a passo rigoroso e priorizar dois produtos: detergente e depois água sanitária, de acordo com Rebeca.
“A gente vai usar, primeiro, água quente e detergente, vai esfregar bem, de preferência com uma escova, e depois vai desinfetar com água sanitária diluída em água.”
Erros comuns devem ser evitados, como:
- utilizar só vinagre ou só sabão para higienizar;
- não higienizar corretamente entre alimentos diferentes;
- guardar a tábua ainda molhada, já que a umidade favorece o surgimento e a proliferação de bactérias. Por isso, é essencial secá-la completamente antes de guardar;
- utilizar tábuas com muitas marcas de uso, com riscos e imperfeições.
Quando trocar a tábua?
Assim como qualquer outro utensílio, a tábua também tem prazo de validade — e ele não está escrito na embalagem.
O momento ideal para trocar a tábua é quando ela tem mau cheiro persistente, mesmo com a limpeza correta, ou marcas de uso evidentes, como riscos profundos e manchas que não saem mesmo após a higienização.
Esses danos comprometem a segurança dos alimentos. “Nesses cortes pode ficar a presença de bactérias, como a Salmonella e a E. coli, que causam as chamadas DTAs — doenças transmitidas por alimentos”, explica a nutricionista.
“Essas doenças podem causar diarreia, vômitos, febre, desidratação e, em casos graves, podem até ser fatais.”

Então, o que fica?
Conforme a nutricionista, para manter a segurança na cozinha, a tábua ideal deve ser de plástico resistente (PEAD), com superfície lisa e sem rachaduras.
Deve ser usada para grupos específicos de alimentos, higienizada com rigor após cada uso e substituída assim que apresentar sinais de desgaste. A aparência pode enganar — mas os riscos são reais.