Talher de plástico de batata substitui os usados por fast-foods
O designer sueco Pontus Törnqvist inventou uma opção a garfos, colheres e facas tradicionais, com a vantagem de se decompor em até dois meses
“Ao vencedor as batatas”, escreveu Machado de Assis em seu Memórias póstumas de Brás Cubas. Pois o designer sueco Pontus Törnqvist inverteu a ordem desse processo. Foi o tubérculo, na verdade, que o levou a ser premiado. E nada mais merecido. Afinal, ele criou um talher de plástico de batata, que se decompõe em menos de dois meses.
O mais inusitado dessa história é que esse ingrediente da receita surgiu meio que por acaso.
Törnqvist conta que seu objetivo inicial era justamente combater a poluição ambiental causada pelos talheres de plástico utilizados em fastfoods. Enquanto, em média, seu período de uso é de 20 minutos, o de sua duração na natureza chega a 450 anos.
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Assim, em seu projeto de conclusão de curso, o designer passou a fazer experimentos com algas marinhas. Nos testes com elas, usava uma pasta feita de amido de batata e água.
“Certa vez derramei acidentalmente um pouco desse fluido e percebi que ele havia secado formando um filme plástico”, conta.
Foi a deixa para abandonar as algas e focar na fécula de batata. E havia uma razão para isso: concentrar-se na produção local.
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Fazia todo o sentido: a produção de batata é abundante na Suécia. E ela pode ser substituída por outros tipos de amido, como o de milho, no processo, de acordo com as características do cultivo agrícola do país em que o talher for fabricado.
Para aprimorar ainda mais seu invento, Törnqvist passou um tempo nas dependências do Material Design Lab, em Copenhague, Dinamarca. Trata-se de um laboratório propício para o estudo de novos materiais.
“Lá, adicionei um ingrediente natural para tornar o plástico de batata ainda mais flexível”, afirma. “Assim, posso fazer com ele outros produtos, como bolsas e sacolas.”
Com esse desenvolvimento e o seu talher de plástico de batata, Törnqvist ganhou o James Dyson Award, prêmio voltado para inovações de design do mundo todo.
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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.