Astrônomos brasileiros identificam estrela rara na Via Láctea

21/01/2016 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 19:53

Estrelas primitivas, surgidas quando o universo ainda era muito jovem, são de difícil identificação por conta de seu brilho, que costuma ser pouco intenso. Não é o caso da rara 2MASS J18082002-5104378, recém identificada na Via Láctea por um grupo de pesquisadores brasileiros e americanos liderados por astrônomos da USP (Universidade de São Paulo), uma descoberta que pode ser peça-chave para ampliar a compreensão sobre os primórdios da nossa galáxia.

Telescópio NTT e a estrela ultrapobre em metais 2MASS J18082002-5104378 (no retângulo amarelo)
Telescópio NTT e a estrela ultrapobre em metais 2MASS J18082002-5104378 (no retângulo amarelo)

Minutos após o Big Bang, apenas os elementos químicos hidrogênio e hélio foram produzidos. Os elementos mais pesados, chamados de metais, só surgiriam muito tempo depois, no interior das estrelas –que, ao explodirem, ejetam material rico em metais ao meio interestelar, de tal maneira que novas estrelas têm um conteúdo cada vez maior desses elementos. Portanto, aquelas com a menor quantidade de metais são as mais primitivas, como a 2MASS J18082002–5104378, que tem menos de 1/10000 vezes a quantidade de ferro do Sol.

A procura de estrelas pobres em metais é uma das áreas mais ativas da astronomia, quando se trata de estudar as primeiras fases da galáxia. A maioria dos esforços atuais está concentrada em estrelas fracas, de pouco brilho, o que dificulta uma observação mais detalhada.

A “nova” estrela velha tem pelo menos 13 bilhões de anos. Os pesquisadores chegaram à estimativa considerando os aglomerados de estrelas mais antigos da galáxia, que têm essa idade e são mais ricos em metais. Seu tamanho é cerca de 88% da massa do Sol e a temperatura na sua superfície é de 5.440 K, quase a mesma da estrela central do Sistema Solar, 5.778 K. Além de ferro, foram detectados em sua atmosfera sódio, silício, cálcio e níquel, elementos químicos em quantidade 1/10000 menor que seu conteúdo no Sol.

Em uma primeira estimativa, sua distância aproximada da Terra é de 2.500 anos-luz. De acordo com os pesquisadores, um valor preciso será obtido por meio do satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia, que está medindo a distância de muitas estrelas.

Da Agência Fapesp