Cineasta faz móveis com sacos de cimento
Banqueta feita de ecomármore feita da reciclagem de sacos de cimento[/img]
Mas o cineasta Alexandre Toscano, 49 anos, abraçou a missão de dar um fim a eles. Envolvido com design sustentável, começou a fazer experiências com os sacos.
Cortou, rasgou, combinou com aglutinantes, misturou a outros materiais. Chegou a um produto resistente e impermeável – o ecomármore.
“Era um trabalho bonito, mas muito simples. Não tinha nada de tecnologia”, lembra ele sobre o processo, que começou em 2009 e teve o apoio da Matéria Brasil, empresa de projetos socioambientais.
No começo, passou a apresentar o resultado apenas como a “ressignificação dos sacos de cimento”.
Até que decidiu inscrever o projeto em um edital da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). Ganhou e iniciou um trabalho voltado à indústria moveleira.
“Consegui fazer mistura de cor, outras fórmulas. Agora o material aguenta água. Mas estamos no meio do caminho.”
Algumas vezes, as experiências dão certo. Prova disso é que o material se tornou mais resistente e leve. “Posso pegar muito lixo bacana e colocar no meio para virar ecomármore.”
Mas houve tentativas frustradas, como quando o hoje moveleiro decidiu combinar rolhas à mistura. O resultado ficou flexível demais.
O primeiro produto criado com ecomármore foi um banquinho. “Era parecido com cimento queimado e tinha uns losangos em cima.”
Hoje, a produção inclui mesa, bancos, bandejas, que são vendidas na empresa criada por ele, a Vem da Serra. Cada unidade é diferente. “É como fornada de cerâmica: cada peça é única.”
A maior parte dos sacos utilizados vem da cidade fluminense de Vassouras. Alexandre explica que ainda não procura novos fornecedores, porque “a produção ainda é pequena”.
Uma banqueta, que leva quatro sacos de 50 quilos de cimento, custa cerca de R$ 300. “A pessoa vai ter o produto a vida inteira com ela”, diz, sobre a durabilidade.
E finaliza: “A gente se sente bem fazendo isso”.
Por QSocial