Consórcio busca avançar na prevenção da esquizofrenia

A esquizofrenia tem sido considerada uma doença do neurodesenvolvimento, ou seja, causada por uma complexa interação de fatores genéticos e ambientais que se inicia ainda na vida intrauterina podendo resultar em alterações na estrutura e no funcionamento do cérebro.

Porém, em geral, os médicos só costumam entrar em contato com portadores dessa doença depois que eles manifestam o primeiro episódio de psicose –o que costuma ocorrer no início da idade adulta, quando praticamente nada mais pode ser feito em termos de prevenção.

Com o objetivo de mudar esse paradigma, um grande esforço conjunto vem sendo feito por pesquisadores de instituições como Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) e Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para Crianças e Adolescentes (INPD) –um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) apoiados pela Fapesp.

De acordo com os pesquisadores, o primeiro episódio de psicose pode ser considerado a metade do processo de desenvolvimento e de cronificação da esquizofrenia.

Quando se estuda apenas aqueles pacientes que já têm o quadro psicótico estabelecido, torna-se impossível saber se as alterações estruturais e funcionais observadas no cérebro por meio de exames de imagem são causa ou consequência da doença.

Na tentativa de compreender melhor cada etapa de desenvolvimento do transtorno, o consórcio de pesquisa adotou uma abordagem multistage-multimodal [abordagem multimodal em todos os estágios da doença], que consiste em avaliar diferentes conjuntos de pessoas (coortes) por metodologias variadas. São usados recursos como ressonância magnética estrutural e funcional, análises epigenéticas (expressão gênica e metilação de DNA), de marcadores inflamatórios e neuroprotetores, além de análises cognitivas e comportamentais.

A esquizofrenia afeta cerca de 1% da população mundial, mas assim como outros transtornos mentais é uma importante causa de incapacitação e de perda de dias trabalhados. Caracteriza-se pela presença de muitos sintomas –entre eles alucinações, embotamento afetivo, catatonia e pensamento desorganizado– sem que nenhum seja seu definidor.

São considerados fatores de risco: casos da doença na família; exposição a toxinas, infecções virais e má nutrição durante a gestação; doenças autoimunes; tabagismo e uso de drogas ou medicamentos psicotrópicos durante a adolescência e início da vida adulta.

Via Agência Fapesp