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Interpretação infantil sobre gêneros mudou, diz estudo

Imagine pedir a uma sala de aula cheia de alunos do ensino fundamental que desenhem um cientista. Agora tente adivinhar quantos deles esboçariam um cientista do sexo feminino. Isso, certamente, refletiria as reações de crianças em relação a questões de gêneros.

Na década que se estendeu de 1966 a 1977, professores dos Estados Unidos deram a 4.800 estudantes exatamente essa tarefa, no que ficou conhecido como o estudo Draw-a-Scientist (do inglês, Desenhe um Cientista). Então, um pesquisador chamado David Wade Chambers analisou os desenhos. O que ele descobriu, em 1983, pode não surpreender ninguém: apenas 28 das crianças desenharam uma cientista do sexo feminino –e esses estudantes eram meninas. Isso equivalia a menos de um por cento de todos os alunos.

Ilustração infantil incluída no estudo original intitulado Draw-a-Scientist, publicado em 1983, retrata um homem cientista
Ilustração infantil incluída no estudo original intitulado Draw-a-Scientist, publicado em 1983, retrata um homem cientista

À medida que os tempos mudam, os estereótipos de gêneros também mudam. Um novo estudo publicado na revista “Child Development Tuesday” analisou desenhos feitos após o Draw-a-Scientist e descobriu que, em média, 28% dos participantes desenharam cientistas mulheres nos estudos subsequentes.

Com essa boa notícia, no entanto, vem um ponto decepcionante de dados. “As crianças estão desenhando mais cientistas do sexo feminino do que nunca, mas ainda estão desenhando mais cientistas do sexo masculino à medida que envelhecem”, diz David Miller, principal autor do novo estudo e doutorando em psicologia na Northwestern University.

Quando Miller ficou sabendo do estudo do Draw-a-Scientist há vários anos, queria saber se os estereótipos das crianças haviam mudado desde os anos 60 e 70. Desde então, outros pesquisadores conduziram dezenas de estudos do Draw-a-Scientist, e Miller tinha um palpite de que as crianças teriam maior probabilidade de desenhar mulheres.

Afinal, as mulheres ganharam uma proporção significativamente maior na formação em ciências do que há algumas décadas, e são representadas com mais frequência como cientistas na cultura popular.

O estudo de Miller analisou os resultados de 78 estudos realizados entre 1966 e 2016, que incluíram mais de 20 mil crianças da educação infantil até o 12º ano.

Desenho de criança grega no projeto Draw-a-Scientist mostra uma mulher como cientista
Desenho de criança grega no projeto Draw-a-Scientist mostra uma mulher como cientista

Miller e seus coautores descobriram que crianças de 5 ou 6 anos desenham proporções iguais de cientistas do sexo masculino e do sexo feminino. Mas, à medida que crescem, a proporção de mulheres diminui. Miller suspeita que essa mudança tem a ver com uma maior consciência das crianças e a uma maior exposição a estereótipos de gêneros e às normas culturais.

“Eu acho que reflete o ambiente em que as crianças estão”, diz Miller. “As mulheres, de fato, permanecem uma minoria em vários campos da ciência. Se você olhar para a mídia infantil, ainda há mais homens cientistas do que mulheres. Se crianças são expostas a esse ambiente, não devemos esperar que elas desenhem números iguais de mulheres e homens cientistas”, conclui o pesquisador. Ou seja, há uma realidade sofrendo uma transformação, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido.

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