Depressão atinge cada vez mais crianças no Brasil
Conhecida por “mal do século 21”, a depressão também pode ser observada em crianças. O estado anormal de comportamento e a perda do interesse em atividades cotidianas podem ser sentidos ainda na fase infantil. Porém, os sintomas podem ser diferentes da depressão apresentada por adultos, fato que dificulta o reconhecimento do distúrbio nessa fase.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam o transtorno como principal causa na incapacidade de conclusão de tarefas rotineiras entre crianças e jovens de 10 a 19 anos.
“A criança que sofre de depressão pode se apresentar mais irritada, mais agitada, inquieta ou irrequieta do habitual. Ela também pode se desinteressar pelas atividades da escola ou de lazer, parecer cansada o tempo todo e, algumas vezes, apresentar perda de sono e alterações de apetite. Estes são sintomas comuns em crianças deprimidas e bastante diferentes dos apresentados pelos adultos”, explica a Anne Maia, psiquiatra e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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Segundo ela, nem sempre o quadro de depressão infantil tem relação com algum episódio estressor, mas pode acontecer sem que haja algo pontual.
Para o diagnóstico é fundamental que os pais, professores e parentes mais próximos a criança observem qualquer comportamento incomum, além do desinteresse por atividades de lazer e a falta de reação frente a uma situação em que é contrariada. Assim como outros distúrbios nessa fase, é importante que haja uma detecção precoce para evitar possíveis complicações.
“As abordagens terapêuticas para a criança deprimida devem ser as mais amplas possíveis. Com o avanço nas formulações dos antidepressivos (com menos efeitos colaterais e mais seguros), hoje o tratamento da depressão infantil já é realizado com psicoterapia e psicofarmacoterapia. Conjugadas, essas medidas comprovadamente auxiliam na melhora dos sintomas e do desempenho escolar”, afirma a psiquiatra.
Além do tratamento medicamentoso, a médica acrescenta que o suporte familiar é indispensável na recuperação da criança. Segundo ela, esse apoio e orientação também são medidas de prevenção para eventuais recaídas ou continuidade do problema na fase adulta.