Dia do Talento apresenta trompista da Sinfônica de Heliópolis
Nós já falamos no Quem Inova sobre a jovem trompista Tamires Kamizaka, de 23 anos, que integra a Orquestra Sinfônica Heliópolis. Agora, a garota se apresentará no Festival de Novos Talentos da Vila Madalena, em São Paulo, no feriado da próxima terça-feira (1º). Sua história foi abordada no documentário “Estrada das Lágrimas”, de Vivian Carrer Elias e Valéria Mendonça.
O documentário retrata a realidade de três jovens trompistas da orquestra e Kamizaka é uma delas. Nascida e crescida em Heliópolis, em São Paulo, ela ingressou na orquestra com apenas 8 anos, por meio de um panfleto que viu na igreja.
Seu início no mundo da música foi cantando no coral. Dois anos depois, demonstrou interesse em tocar violino ou violoncelo, mas suas mãos eram muito pequenas. Outra opção era o oboé, mas não havia vaga para o instrumento. Como ela já conseguia segurar a trompa, o instrumento foi escolhido.
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Enquanto era pequena, a garota recebia o apoio da família por seu interesse pela música. Mas, conforme foi crescendo, houve pressão para que arrumasse um emprego, principalmente quando, aos 16 anos, sua mãe se mudou para Goiás e ela ficou sozinha. Viajar com a mãe significaria abandonar a música e isso não era uma opção para ela. Foi morar com a madrinha –sua grande incentivadora até hoje.
Foi justamente nessa idade que subiu ao palco da Sala São Paulo para interpretar a “Sinfonia nº 2”, de Mahler. Embora ela tivesse “comido a partitura”, como disse, sentiu na pele o tamanho da responsabilidade. “E se eu errasse, já imaginou?” Então, ela colocou-se no palco ao lado dos colegas. “Foram dois segundos em que pensei: eu estou aqui. Cada ‘não’ que eu havia recebido na minha vida, eu respondi naquele momento.”
Quando completou 18 anos, alugou uma casa e trouxe sua irmã, que morava em Cabo Frio (RJ), para viver com ela. “Fui lá e vi que o destino dela seria trabalhar desde cedo. E eu resolvi ajudar, trazer ela para cá, apresentar a música para ela. Se eu posso oferecer uma chance melhor, tenho que fazer isso”, explicou.
Hoje, Kamizaka tenta ajudar novas gerações, como professora. “A gente vê o que está à nossa volta, drogas, tráfico, famílias destruídas. Quando você é bem pequena, você olha tudo isso e não sabe o que vai ser de você. O que a música me deu foi a sensação de que eu poderia ser alguma coisa. Sem isso, não sei onde eu estaria”, resumiu.
A Orquestra Sinfônica Heliópolis é um dos programas socioculturais do Instituto Baccarelli, uma organização sem fins lucrativos que atende cerca de 1.000 crianças e jovens em sua sede própria, por meio de seus projetos.
O prêmio de cidadania do Cidadão São Paulo deste ano foi entregue a José Pastore, conselheiro consultivo do Instituto Baccarelli. Essa é a mais importante premiação da cidade para reconhecer personalidades responsáveis por ações criativas em São Paulo e é promovida pelo Catraca Livre por meio do ReciproCidade, seu programa de estímulo a iniciativas criativas de impacto social.