Exame clínico pode ser feito com folha de papel e smartphone
Coletar amostra da própria urina, colocá-la em uma folha de papel com reagentes e fazer a leitura do diagnóstico e monitoramento de doenças, como diabetes, pelo smartphone. Pode parecer uma situação futurística, mas é uma técnica de autoexame clínico já existente e estudada há mais de seis anos por pesquisadores do BioMicS (Grupo do Bioanalítica, Microfabricação e Separações) do Instituto de Química da USP, em São Carlos.
Uma das pesquisas é do químico Giorgio Gianini Morbioli, que aprimorou as funcionalidades desse papel com reagentes, chamado de dispositivos microfluídicos analíticos baseado em papel, permitindo maior tempo de durabilidade do dispositivo até a realização do teste clínico. Outra inovação do estudo foi criar um software para a análise dos resultados pelo celular. O foco da pesquisa de Morbioli foi a diabetes, mas a técnica pode ser utilizada para outras doenças, como periodontite, nefrite, câncer de próstata, etc.
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Esses microdispositivos facilitam que as pessoas possam fazer exames clínicos sozinhas. Segundo o químico, isso é possível porque as amostras utilizadas são de fluídos biológicos obtidos de maneira não-invasiva, como lágrimas, urina, suor e saliva. Os fluídos são colocados nos dispositivos, que contêm reagentes, e fornecem as análises das amostras.
No papel, também são aplicados reagentes químicos, que serão os responsáveis por interagir com as amostras dos fluídos biológicos. “Esses caminhos construídos no papel com a cera agem como barreiras para guiar a amostra até as áreas específicas onde estão os reagentes. A reação entre amostra e reagente leva a alterações de cor que podem ser percebidas a olho nu, por exemplo, quanto mais colorido o papel, mais reagente tem a amostra”, detalha Morbioli.
Diabetes
Na detecção da diabetes pelo dispositivo, o nível de açúcar na amostra da urina será constatado pela interação com os reagentes, no caso, a enzima glicose oxidase. Para aperfeiçoar o microdispositivo para o diagnóstico da diabetes, Morbioli conseguiu imobilizar a enzima em uma camada de papel e adicionar os demais reagentes químicos em outra camada, gerando um dispositivo em três dimensões.
Esses dispositivos têm baixo custo, facilidade de uso, baixo consumo de reagente e de amostra, portabilidade e descartabilidade. Ele é uma ferramenta de diagnóstico acessível e pode ser disponibilizado para regiões remotas, sem acesso a laboratórios clínicos.
Via Agência USP