Exposição à violência no trabalho pode causar depressão

Violências de vários tipos, sofridas durante o exercício da atividade profissional, estão provocando depressão entre os profissionais do principal programa de atenção básica do Ministério da Saúde –o Estratégia de Saúde da Família (ESF).

Uma pesquisa realizada junto a 2.940 integrantes da ESF no município de São Paulo constatou que formas de depressão leves a moderadas afetavam 36,3% desses profissionais e depressões mais graves acometiam outros 16%. No total, 52,3% dos entrevistados, englobando agentes comunitários de saúde, auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos, estavam sofrendo de algum tipo de depressão por ocasião do inquérito.

O estudo foi realizado no âmbito do projeto “Esgotamento profissional e depressão em profissionais da estratégia saúde da família do município de São Paulo”, coordenado por Paulo Rossi Menezes, professor titular do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo, com apoio da Fapesp.

No levantamento foram contabilizados os seguintes percentuais de exposição à violência durante o exercício da atividade profissional nos 12 meses anteriores às entrevistas: insultos (44,9%), ameaças (24,8%), agressão física (2,3%), testemunhar violência (29,5%).

A Estratégia de Saúde da Família é considerada, pela OMS (Organização Mundial da Saúde), um modelo de atenção primária à saúde para países de renda média ou baixa. No Brasil, seus 320 mil trabalhadores prestam assistência a mais de 118 milhões de pessoas espalhadas pelo território nacional. E um indicador de seu êxito é que ele vem sendo copiado por outros países, como a África do Sul e o Peru.

Mas esse contato íntimo com a população, que constitui o maior mérito do programa, é também o fator que expõe seus profissionais a vários episódios de violência no trabalho.

Alvo de frustrações

Os motivos são fáceis de entender. Em um contexto conflituoso, com múltiplas causas para insatisfação, é comum que o descontentamento seja direcionado contra qualquer pessoa que ocupe posição associada com autoridade. Embora os trabalhadores da ESF estejam lá para atender a população, eles podem se tornar eventualmente alvos das frustrações dessa mesma população.

Como constatou a pesquisa, essa exposição reiterada à violência pode levar a um quadro depressivo passageiro ou mesmo a uma depressão duradoura, de intensidade leve, moderada ou grave.

Via Agência Fapesp