Ferramenta modela qualidade da água no rio Tietê
O engenheiro ambiental João Rafael Bergamaschi Tercini criou uma abordagem inédita para modelar a qualidade da água no trecho do rio Tietê entre as cidades de Pirapora do Bom Jesus e Salto, no interior de São Paulo.
O ineditismo está na integração da modelagem de qualidade da água em rio e em reservatório. No trecho em questão existem quatro reservatórios. Por isso, a proposta foi apresentar um modelo que analisasse o problema conjuntamente no rio e no reservatório.
Tercini, que é mestre pela Escola Politécnica da USP, modelou a qualidade da água no rio à jusante da região metropolitana de São Paulo, no trecho que recebe toda a carga de esgoto orgânico remanescente. As variáveis modeladas foram a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e o oxigênio dissolvido na água (OD). As medições foram realizadas em nove diferentes pontos ao longo dos 80 quilômetros (km) entre o reservatório de Pirapora e a cidade de Salto.
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Ao planejar o monitoramento, engenheiro ambiental e seu orientador, Arisvaldo Méllo, do Laboratório de Sistemas de Suporte a Decisões em Engenharia Ambiental e de Recursos Hídricos da Poli, consultaram as séries históricas de qualidade da água da Cetesb para checar a coerência dos procedimentos.
O trabalho parte do modelo de Streeter/Phelps, criado em 1925 e aplicado na resolução do problema de poluição do Rio Ohio, nos Estados Unidos. “É um modelo que exige poucos inputs e dá uma boa resposta. Porque quanto mais complicado o modelo, mais informação você precisa para fazê-lo responder. Este é um modelo robusto e fácil de operar”, diz Tercini.
Cenários
De posse das medidas e levando em conta os três principais fatores que impactam a qualidade da água a jusante do reservatório de Pirapora (vazão descarregada, nível do reservatório e carga orgânica proveniente da RMSP) os pesquisadores desenharam doze diferentes cenários possíveis. Além de integrar a modelagem de qualidade da água em rio e reservatório, o modelo tinha como objetivo verificar os possíveis impactos da operação do reservatório de Pirapora na qualidade da água do rio Tietê.
A pesquisa concluiu ainda que os reservatórios não influenciam eventos como mortandade de peixes e situações afins, pois havia a crença de que os reservatórios contribuíssem para esse tipo de acontecimento.
O autor do trabalho explica que o modelo pode ajudar na gestão do sistema, embora não substitua o monitoramento. “O modelo pode indicar quais são as melhores opções operacionais entre rio e reservatório para que a qualidade da água melhore. Permite simular outros cenários de operação do reservatório de Pirapora ou a qualidade da água afluente do mesmo. E também pode ser adaptado facilmente a outras bacias hidrográficas com características semelhantes ao contexto analisado”, explica Tercini.
Via Agência USP