Guia leva realidade amazônica para a sala de aula

08/05/2015 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 19:35

Nos livros didáticos tradicionais, a pirâmide alimentar das aulas de ciências tem desenhos como queijo e uva. As operações matemáticas são exemplificadas com bolas de gude.

Faz todo o sentido para quem mora em zonas urbanas, mas não pertence ao universo de quem vive em reservas da região amazônica. Lá, os brinquedos são outros, assim como a alimentação.

Por isso o Projeto Saúde e Alegria, ONG que atua em comunidades tradicionais na Amazônia com programas em áreas como organização social, direitos humanos, meio ambiente e saúde, desenvolveu o Guia de Apoio Pedagógico. Destinado a professores, ele busca reduzir o distanciamento das comunidades ribeirinhas e da realidade apresentada nas escolas.

Criança observa desenho com reprodução da comunidade local (Fotos: Divulgação)
Criança observa desenho com reprodução da comunidade local (Fotos: Divulgação)

“O conteúdo do currículo formal é muito vinculado à visão urbana”, esclarece o coordenador do projeto, Fábio Pena.

O guia é uma obra conjunta, da qual participaram professores, pedagogos, coordenadores e até crianças da Resex Tapajós-Arapiuns, em Santarém (PA).

Os alunos fizeram um levantamento do perfil social, econômico e ambiental da comunidade com a supervisão de professores e pedagogos. Eles também pesquisaram temas como conhecimento tradicional, saberes populares e brincadeiras infantis.

Meninos observam idoso em trabalho manual
Meninos observam idoso em trabalho manual

A partir dessa pesquisa, foi construído um cardápio de conhecimentos amazônicos. Os professores usaram esse levantamento para resolver as dificuldades de ensino que encontram na sala de aula.

O guia é destinado a docentes do ensino fundamental 1 e ainda vai passar por modificações. Os professores e a equipe da ONG vão trabalhar sobre os resultados dessa primeira edição.

“É a primeira vez que não chega um livro ‘pronto’ pra os professores. Fazer com que eles participem do processo também é uma forma de valorização deles”, destaca Fábio.

O guia está disponível on-line para que outras comunidades possam utilizá-lo e fazer suas experiências e adaptações.

A iniciativa é fruto da parceria entre o Projeto Saúde e Alegria e a Secretaria Municipal de Educação de Santarém, com o apoio do Programa Norte de Saberes, da Fundação Carlos Chagas.

Por QSocial