Harvard ensina como tornar pensamento visível na aprendizagem

A utilização de rotinas do pensamento em sala de aula permite a criação de uma cultura de aprendizado

Uma cena comum nos dias atuais diz respeito ao momento em que os pais questionam seus filhos sobre o que aprendeu na escola; a resposta deles frequentemente é: nada. Nós, professores, sabemos que esta não é a realidade na maioria dos casos. Muitas vezes os alunos não são capazes de identificar as origens dos seus pensamentos e perceber o seu aprendizado. Há alguma maneira de tornar visível o pensamento dos alunos –abrindo oportunidades de interferir e aprender com o processo?

Foi tentando responder essa pergunta que pesquisadores do “Project Zero”, da Universidade de Harvard (leia mais aqui) realizaram uma série de estudos em que mapearam os movimentos de nosso pensamento. Assim, desenvolveram uma série de estruturas para facilitar o desenvolvimento de hábitos eficientes  de estruturação do pensamento.

A utilização de rotinas do pensamento em sala de aula permite a criação de uma cultura de aprendizado

Essas estruturas são chamadas de “Thinking Routines”. São simples e práticas, compostas por  uma série de questões ou uma sequência de passos que podem ser aplicados individualmente ou em grupo – permitem que os alunos tornem o seu pensamento visível.

Essas rotinas são facilmente transferidas para qualquer contexto, além disso, podem ser aplicadas sem treinamento prévio ou prática. Auxiliam os alunos a pensarem de forma mais complexa. Por meio da prática frequente, se tornam mais sensíveis à utilização desses movimentos em diversas situações, permitindo o desenvolvimento de hábitos mentais que sustentarão sua curiosidade dentro e fora da sala de aula.

Com o tempo, professores e alunos são capazes de identificar quais são as rotinas mais adequadas para o tipo de pensamento que querem desenvolver, como exemplo: considerar diferentes pontos de vista, argumentar com evidências, fazer conexões etc. A utilização de rotinas do pensamento em sala de aula permite a criação de uma cultura de aprendizado que tem efeitos muito positivos para os alunos e o ambiente escolar.

Como professor, venho utilizando essas rotinas em sala de aula e percebo que os resultados são animadores, com alunos cada dia mais curiosos e capazes de responder ao questionamento inicial deste artigo de forma diferente. Afinal os pensamentos deles estão se tornando visíveis para professores, colegas e para si mesmos.

Por Daniel Barboza, professor de Humanidades na Escola Concept de Ribeirão Preto (SP)