Indústria utiliza pneus para gerar energia na produção de cimento

A reutilização de pneus para a geração de energia na produção de cimento registra alta no Brasil, segundo dados da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). Um relatório produzido pela entidade, mostra que o volume coprocessado em 2014 representa a eliminação de um passivo ambiental de 1,12 milhão de toneladas, incremento de 374% em relação ao ano 2000.

O coprocessamento é utilizado de duas formas no setor. Uma delas corresponde ao uso de pneus descartados e resíduos triturados de diversos setores industriais –borras oleosas, resinas, látex, materiais impróprios para reuso, tecidos e até coco de babaçu– como alternativa sustentável ao uso do coque de petróleo (CVP), combustível não renovável derivado do petróleo.

Coprocessamento elimina completamente os novos passivos ambientais que seriam depositados em aterros

O coque se destina à produção de energia fabril na fabricação do clínquer, uma das principais matérias-primas do cimento e extraído do calcário.

A outra forma de coprocessamento é a substituição do ferro pelo chamado pó de aciaria. Neste caso, o resíduo do processo de siderurgia é usado como matéria-prima na indústria cimenteira, contribuindo para tornar o processo fabril mais ecoeficiente. Nas duas situações, o coprocessamento evita a destinação inadequada de lixo industrial e reduz a emissão de dióxido de carbono (o CO2, conhecido como gás carbônico), um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global.

Em 2014, 37 unidades –62% do parque industrial cimenteiro no Brasil– estavam licenciadas para o coprocessamento de resíduos. Numa avaliação mais detalhada, o relatório da ABCP aponta que os materiais coprocessados com potencial energético, em 2014, representaram 80% do volume total (891 mil toneladas). Enquanto isso, aqueles usados como substitutos de matérias-primas somaram 20% do volume (231 mil toneladas). Entre os resíduos reaproveitados pelo setor, o maior destaque são os pneus, que constituíram 24% (265,5 mil toneladas) no período. Esse volume equivale a 53 milhões de pneus inservíveis retirados do meio ambiente.

Impacto positivo

Juntamente com a contribuição para a gestão e eliminação de resíduos, o coprocessamento tem um outro impacto positivo em termos de sustentabilidade: a substituição térmica, com a redução nas emissões de CO2. Em 2014, a substituição térmica na indústria cimenteira do Brasil obtida graças à solução chegou a 8,1%. Além da contribuição decisiva para a superação de desafios ambientais e urbanos, a tecnologia, ao apostar na destinação correta de pneus, reforça a luta contra o Aedes Aegypti, um dos maiores vilões na epidemia de doenças como dengue, chikungunya e zika.

O meio ambiente agradece. Afinal, além da substituição ao combustível fóssil e matérias-primas na fabricação do cimento, o coprocessamento elimina completamente os novos passivos ambientais que seriam depositados em aterros.

Via Portal EcoD