ONG reforma bicicletas e doa a crianças pobres

Desde novembro, os sábados de Raphael Barros são dedicados a lotar sua Suzuki Samurai verde-escura de bicicletas que estavam abandonadas, empoeiradas e sem uso. Assim como ele, voluntários da ONG Rodas da Paz, de Brasília, reúnem-se para recolhê-las e reformá-las para distribuir a crianças carentes. Nesta época, eles não têm descanso: já foram mais de 400, e a expectativa é chegar a 500 até janeiro.

“A recompensa é ver a reação da criança quando ela recebe um brinquedo que, para a maioria, é básico, mas que ela não teria condições de ter. Ou a expressão da mãe que, todos os dias, pedalava cerca de 30 quilômetros por uma rodovia movimentada, com a filha na cadeirinha, usando uma bicicleta velha e sem nenhuma manutenção, que nós pudemos consertar e deixar em melhores condições de uso e segurança”, afirma o presidente da ONG, o sociólogo Jonas Bertucci.

A Rodas da Paz não faz doações diretamente a pessoas. Reformadas, as bicicletas são entregues a instituições parceiras, sejam escolas da área rural ou entidades assistenciais e comunitárias. Parte delas é repassada aos Correios, que atende aos pedidos feitos por cartas enviadas por crianças que pedem presente ao Papai Noel. Já peças sem condições de uso são reaproveitadas na construção de bicicletas adaptadas a pessoas com deficiência e em projetos de geração de renda, como cursos de mecânica básica oferecidos a comunidades carentes.

“É muito bonito isso que essas pessoas fazem, uma forma de dar carinho a essas crianças que elas nem conhecem”, diz Ruth Marisa Paphigua, mãe de uma menina de pouco mais de 1 ano que, no último Dia da Criança, ganhou sua primeira bicicleta. Orgulhosa, ela diz que a filha, “esperta para a idade”, está aprendendo a pedalar com a ajuda das rodinhas. E que as outras crianças contempladas ficaram radiantes de alegria. “A pena é que nem todos ganharam. E os que não receberam até hoje perguntam quando terão as suas.”

Agora, o desafio da ONG é arrecadar recursos para construir um galpão que abrigue todas as doações. Para isso, foi aberto um financiamento coletivo de R$ 3.000. “Assim as pessoas poderão nos visitar, conhecer melhor o projeto e outras iniciativas da ONG e, se quiserem, levar elas próprias as doações”, explica Bertucci. O galpão ficará em Vicente Pires, onde funciona a oficina do mecânico que ajuda a consertar as bicicletas.

Por QSocial, com informações da Agência Brasil