Papai Noel há 47 anos, ator revela pedidos mais emocionantes

05/12/2014 00:00 / Atualizado em 06/05/2020 17:58

O ator Silvio Ribeiro, 65 anos, tinha 18 quando interpretou pela primeira vez o velhinho barbudo, bonachão e um dos símbolos do Natal numa loja de São Paulo. A partir daí, nunca mais pendurou o figurino vermelho e branco: são 47 anos no papel, o que lhe dá o título de Papai Noel com mais tempo em atividade no país.

 
 

Ele já atuou em loja, shopping, ações de caridade, fora do país e fez até uma ponta em um filme na época em que morou nos Estados Unidos. Hoje é diretor da Claus Produções Artísticas, que formou 1.200 Noéis e oferece o serviço dos profissionais para empresas, agências de publicidade e festas. Ele mesmo encarna o bom velhinho atualmente apenas em comerciais e grandes hotéis.

Nesta sexta, formaram-se os últimos interessados em trabalhar neste Natal, num curso gratuito no centro de São Paulo. Além desse formato, que é voltado para quem nunca vestiu o personagem, há outras duas modalidades pagas: profissionalizante, para aperfeiçoar quem já tem experiência, e outro com foco em executivos que queiram animar as crianças.

Silvio diz que o personagem exige vocação e traça o perfil ideal: gordinho, bonachão, de bem com a vida, sorridente, comunicativo, que compreende o mundo infantil, e, claro, gosta de crianças. “Este é um bom Papai Noel”, afirma.

Ele conta que já participou de dois congressos internacionais do personagem representando o Brasil, organizados pela IOS (International Order of Santas), que congrega Noéis de todo o mundo. “Nesses congressos, reunimos toda a ‘papainoelada’ e há apresentações. Falei sobre a criança brasileira, as reações, os problemas que temos, como é o mercado de trabalho por aqui.” E confidencia: “Os mais barbudos são os russos”.

Em tantos anos no personagem, Silvio tem muitas histórias para contar. Uma das que mais o marcou foi quando uma mãe levou o filho até ele e avisou: “Papai Noel, o senhor não vai conseguir conversar com ele. Ele é surdo”. Mas como nem só de palavras se comunica, ele deu um jeitinho. “A gente tem várias técnicas para se entender com a criança. Eu peguei o sino e toquei perto do ouvido dele. Ele ouviu, ficou felicíssimo, deu gritos de alegria. O garoto pegava o sino e tocava, ria… Todo o pessoal que estava em volta se emocionou. Foi o grande presente que eu recebi.”

Nem sempre os pedidos que chegam a ele são de brinquedos. “Teve uma menina que tinha perdido o pai e pediu pra eu trazê-lo de volta. Outra, pequenininha, me entregou uma carta em que pedia para eu curá-la da doença. Perguntei qual doença era. Ela disse que tinha câncer, queria brincar, mas sentia dor. E queria que eu tirasse essa doença dela.”

Como agir? “Papai Noel é alegria, é ho, ho, ho, mas, nessas horas, ele é o ombro amigo, vai torcer para que tudo dê certo, sempre dando uma palavra de esperança sem nunca prometer nada”, diz Silvio.

O Noel brasileiro, que não gosta do frio e já está de olho no Réveillon que vai passar na praia, mandou uma mensagem aos leitores do Quem Inova: “Deixo uma frase de São Francisco de Assis: ‘Onde houver tristeza, que eu leve a alegria’. É a mensagem do Papai Noel para todos. Porque, se nos preocuparmos em levar alegria onde houver tristeza, este mundo será um pouquinho melhor. Depende de nós”.

Por QSocial

*Este texto faz parte do projeto Geração Experiência, que tem como objetivo mostrar histórias de pessoas com mais de 60 anos que são inspiração para outras de qualquer idade.