Paris tem centro cultural 100% dedicado à cultura hip-hop
O que a estação São Bento do metrô, na região central de São Paulo, e o bairro de Les Halles, no coração de Paris, têm em comum? Os dois lugares são berços da cultura hip-hop, movimento que surgiu em Nova York nos anos 1970 e ganhou representatividade na década seguinte no Brasil e na França. Mas as comparações param por aí.
Diferente da capital paulista, onde o movimento tem pouco (ou quase nenhum) apoio do poder público, em Paris ele conta com investimentos da prefeitura local para se profissionalizar e ‘deixar’ os guetos.
Em setembro do ano passado a capital francesa ganhou o primeiro espaço público do país dedicado exclusivamente ao hip-hop.
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Instalado no Forum des Halles, um centro comercial decadente e que passou por uma grande revitalização na última década, o La Place tem uma estrutura de fazer inveja a muitas escolas de artes aqui do Brasil. Ocupando um espaço de 1.400 m², o projeto custou € 1,6 milhões e levou cerca de seis anos para se concretizar.
O La Place conta com uma sala de espetáculos capacidade para 450 pessoas, um auditório para 100 pessoas, oito estúdios de ensaio, gravação (áudio e vídeo), salas para práticas de dança, música, audiovisual e grafite, um bar-café e até um coworking para empreendedores ligados ao movimento.
O espaço é gerido por um conselho presidido pela renomada estilista Agnès B., que também é empreendedora cultural.
“O La Place é um lugar aberto a todos. É um reconhecimento institucional da cultura hip-hop que mostra que é possível um movimento ligado às ruas receber apoio governamental sem deixar de perder sua essência”, diz Jean-Marc Mougeot, diretor artístico do La Place.
O próprio Jean-Marc é um dos nomes mais respeitados da cena francesa. Por dez anos foi diretor do L’Original, o mais importante festival de rap independente da França, evento que acontece todos os anos em junho na cidade de Lyon.
“Eu quero tornar o La Place numa ferramenta de inclusão e desenvolvimento do movimento hip-hop e seus artistas, do mais jovem ao mais experiente”, diz Jean-Marc.
Para manter toda a estrutura, parte do orçamento mensal vem do poder público e outra com a promoção de shows com nomes da cena local e internacional. A programação, aliás, é bem eclética, vai do hip-hop ao jazz, com exposições e palestras.
*O jornalista viajou a convite da Embaixada da França