Pesquisadores desenvolvem app para dignosticar malária

03/08/2015 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 19:43

El Grafo/Wikimedia Commons
El Grafo/Wikimedia Commons

Para facilitar o diagnóstico da malária em áreas remotas, pesquisadores da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos estão desenvolvendo um aplicativo que usa um sistema automatizado para detecção e contagem de parasitas da doença, que mata mais de 600 mil pessoas por ano _ em 2013, o Brasil teve 177.767 casos diagnosticados e 41 óbitos. A tecnologia foi apresentada no IEEE International Symposium on Computer-Based Medical Systems, realizado na Universidade de São Paulo.

A malária é causada pelo parasita Plasmodium, transmitido pela picada da fêmea infectada do mosquito Anopheles. O diagnóstico da doença é feito com a ajuda de exames microscópicos, que possibilitam identificar os parasitas em amostras de sangue. De acordo com o pesquisador Sameer Antani, mais de 170 milhões de testes são examinados a cada ano para definir se os casos diagnosticados são graves ou não, seguindo a classificação da Organização Mundial de Saúde, geralmente de forma manual.

“A contagem precisa desses parasitas é fundamental para o diagnóstico correto da doença e para o sucesso do tratamento, influenciando, por exemplo, na eficácia das drogas. No entanto, os diagnósticos microscópicos não são padronizados e dependem muito da experiência e da habilidade do microscopista”, avaliou. Para o pesquisador, isso dificulta o diagnóstico e o controle da malária em locais com poucos recursos e com alta incidência da doença.

“Essa dificuldade pode levar a decisões equivocadas no tratamento. Nos casos de falso negativo, além dos danos óbvios à saúde do indivíduo infectado, isso significa a necessidade de uma nova consulta, dias perdidos de trabalho, recursos gastos desnecessariamente. Já nos casos de falso positivo, o diagnóstico pode levar ao uso desnecessário de medicamentos e a sofrimento por causa de uma série de potenciais efeitos colaterais, como náusea, dores abdominais, diarreia e complicações graves”, afirmou.

A solução desenvolvida pelos pesquisadores automatiza a detecção do parasita e sua contagem a partir de esfregaços de sangue _ uma camada fina de sangue disposta sobre uma lâmina de microscopia e que é colorida de forma a permitir que diferentes células sejam examinadas. “Além de fornecer uma interpretação mais segura, essa tecnologia reduz custos e possibilita que mais pacientes sejam atendidos em menos tempo, facilitando o trabalho em campo nas áreas de maior incidência da doença.”

Com base em padrões de imagens digitais adquiridas por equipamentos de microscopia de luz convencionais, o software “aprende” a aparência típica dos parasitas e os identifica em fotografias dos esfregaços de sangue, realizando em seguida sua contagem e discriminando as células infectadas. Aplicada a smartphones, a tecnologia se torna portátil e pode ser levada a campo. Para Antani, o desenvolvimento do sistema pode beneficiar populações de diferentes países, incluindo o Brasil.

Por QSocial, com informações da Agência Fapesp