Pesquisadores israelenses desenvolvem ‘dieta dos algoritmos’

14/03/2016 00:00 / Atualizado em 07/05/2020 02:35

Estudo realizado por pesquisadores do renomado Instituto Weizmann, em Rehovot, Israel, descobriu que os níveis de glicose no sangue em resposta à ingestão dos mesmos alimentos variam drasticamente –o que poderia explicar por que uma pessoa não consegue perder os quilos a mais enquanto a outra, que consome os mesmos alimentos, mantém-se sempre em forma.

Os cientistas também desenvolveram um algoritmo que prediz, com precisão, as taxas de glicose pós-prandial baseadas na constituição biológica e estilo de vida da pessoa –lançando dúvidas sobre as recomendações dietéticas tradicionais.

 
 

A descoberta derruba noções estabelecidas de alimentação saudável e indica que adaptar os hábitos alimentares à biologia da pessoa pode ser a melhor maneira de se manter elegante e saudável.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo, Eran Segal e Eran Elinav, monitoraram continuamente as taxas de glicose no sangue de 800 pessoas –e cerca de 47.000 refeições– cada uma ao longo de uma semana, concentrando-se em como certos alimentos desencadeiam respostas na glicose sanguínea, uma medida chamada resposta glicêmica pós-prandial, ou PPGR. As taxas de glicose no sangue são fortemente associadas com a síndrome metabólica que inclui ganho de peso, obesidade, diabete, hipertensão e outros.

Até agora, os médicos e nutricionistas se baseavam no índice glicêmico, ou GI, para determinar que alimentos eram bons para todos. No entanto, o GI é um número fixo para cada item da comida. O que a equipe do Instituto Weizmann descobriu foi que esse número não é um indicador da verdadeira resposta de muitas pessoas.

Usando informações coletadas mediante questionários de saúde, medidas corporais, exames de sangue, taxas de glicose, exames de fezes e um aplicativo móvel usado para reportar atividade física e ingestão de alimentos, os cientistas então criaram um algoritmo para prever as respostas personalizadas de glicose sanguínea. O algoritmo –que eles validaram em mais 100 indivíduos– consegue prever as taxas de glicose no sangue após o consumo de diferentes alimentos.

Alguns dos achados surpreenderam os próprios cientistas. Uma mulher inscrita no estudo, portadora de obesidade e pré-diabetes ––que anteriormente havia tentado e fracassado em uma série de dietas– aprendeu que sua taxa de glicose no sangue dava um pulo depois que ela comia tomate. Para outros, as bananas causavam maiores picos nos níveis de glicose sanguínea do que os biscoitos. Há inúmeros exemplos, segundo os cientistas, e, de fato, cada pessoa no estudo vivenciou várias surpresas e descobertas sobre os alimentos que melhor lhes serviam.

O estudo foi parte de uma iniciativa de longo prazo da equipe Segal-Elinav intitulada “Projeto de Nutrição Personalizada”, que integra ferramentas da biologia e ciências da computação e é o único em seu foco no microbioma, bactérias intestinais que são, cada vez mais, reconhecidas em seu importante papel na saúde e na doença –graças em parte a estudos como estes.

Com informações do AlefNews