Projeto se adapta à pandemia para levar música a hospitais de SP

A Orquestra do Limiar, regida pelo maestro Samir Rahme, usa a música clássica para levar um pouco de leveza ao ambiente hospitalar

02/02/2021 11:30

A pandemia do novo coronavírus mudou radicalmente a atuação de iniciativas que levam arte a hospitais. Com o projeto ‘Música nos Hospitais’ não foi diferente.

Após iniciar uma peculiar edição em 2020, com concertos transmitidos de forma on-line para pacientes e funcionários de unidades de saúde da capital paulista, a Orquestra do Limiar, regida pelo maestro Samir Rahme, se prepara para a retomada da agenda em 2021.

Projeto se adapta à pandemia para levar música a hospitais de SP
Projeto se adapta à pandemia para levar música a hospitais de SP - Divulgação

Ainda no formato online, o projeto retoma as atividades no próximo dia 10 de fevereiro com um concerto para funcionários, colaboradores e pacientes do Hospital Geral do Grajaú, na zona sul de São Paulo. O concerto será transmitido ao vivo em telões espalhados no térreo, sala de colaboradores, espaço do refeitório e corredores de alguns andares da unidade de saúde.

Em sua 14ª edição, a iniciativa da APM (Associação Paulista de Medicina)  precisou alterar o formato original para se adaptar às medidas alinhadas aos cuidados essenciais para se evitar novas contaminações pela covid-19. Em vez de a Orquestra do Limiar se apresentar no saguão e nos corredores dos hospitais, como normalmente ocorre, o concerto – com 50 minutos de duração – é transmitido ao vivo a partir da sede da instituição no canal do Youtube TV APM e exibido em TVs, telões ou paredes dos hospitais.

Vale ressaltar que, mesmo nesse formato, os propósitos desta iniciativa mantêm-se inalterados, conforme afirma o diretor cultural da APM, o médico Guido Arturo Palomba.

O maestro Samir Rahme durante apresentação da Orquestra do Limiar antes da pandemia
O maestro Samir Rahme durante apresentação da Orquestra do Limiar antes da pandemia - Divulgação

“Nosso objetivo sociocultural é amenizar a rotina hospitalar e, ao mesmo tempo, proporcionar contato com a arte e a cultura por meio da realização de concertos de música erudita e instrumental”, diz ele, lembrando que o programa ocorre desde 2004.

Desde que foi criado, o projeto já realizou 189 concertos, distribuídos em 58 hospitais da capital e munícipios paulistas, além de 10 localizados em outros estados, atingindo mais de 60 mil espectadores entre médicos, enfermeiros, funcionários, pacientes e familiares.

Efeitos positivos da música

Estudos da Associação Americana de Musicoterapia (American Music Therapy Association – AMTA) e da Federação Mundial de Musicoterapia (World Federation of Music Teraphy – WFMT) indicam os efeitos positivos da música no organismo.

Conforme afirma o maestro Samir, “a música é um medicamento e, dependendo da forma como você a conduz, pode trazer alívio para as pessoas. O semblante dos pacientes muda depois dos concertos”, diz, complementando que o concerto contribui para que aquele dia ou aquela semana seja melhor para os pacientes.

Esses benefícios, aliás, também são comprovados por diversas associações médicas. A música tem o poder de ajudar a diminuir a ansiedade e o desconforto durante procedimentos médicos, reduzir efeitos colaterais de tratamentos mais agressivos, como quimioterapia e radioterapia, e auxiliar a reabilitação física.

Pesquisa feita pela Associação Paulista de Medicina com o público do projeto nas últimas edições identificou que 78% dos pacientes que assistiram às apresentações conseguiram driblar o peso emocional dos dias de internação e tratamento. Cerca de metade deles viu nas apresentações uma forma de esquecer, momentaneamente, de seus problemas de saúde.