Secretário comenta pouco investimento das empresas em inovação

09/11/2017 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 20:15

De 117,9 mil indústrias registradas no país até 2014, apenas 4,3 mil (3,6%) investiam continuamente em pesquisa e desenvolvimento. Da mesma forma, o Brasil investe apenas 1,28% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) nessas áreas, bem atrás de países como a Coreia do Sul, que aplica 3,5% de tudo o que produz em inovação, para desenvolver novas tecnologias.

Secretário Álvaro Toubes Prata faz palestra na 16ª Anpei
Secretário Álvaro Toubes Prata faz palestra na 16ª Anpei

O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologias, Inovações e Comunicações, Álvaro Toubes Prata, defendeu a redução da burocracia e a melhoria da educação como instrumentos para estimular o investimento em inovação pelas empresas.

De acordo com ele, somente o setor privado pode alavancar o desenvolvimento tecnológico num cenário de crise econômica que criou restrições para o orçamento público nos últimos anos, informa Wellton Máximo, da Agência Brasil.

Segundo os dados mais atualizados do ministério, até 2014, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (públicos e privados) totalizaram R$ 79,2 bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015, o dispêndio caiu para R$ 76,5 bilhões. “Em 2016 e 2017, certamente esse número caiu por causa da crise, que reduziu o espaço para o governo gastar e também por causa das condições das empresas”, declarou Prata.

O secretário foi um dos palestrantes na 16ª Anpei (Conferência de Inovação da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras). O evento faz parte da Finit (Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia), em Belo Horizonte.

Empresas

Para o representante do MCTIC, a falta de condições de o governo ampliar os gastos com ciência e tecnologia pode ser compensada pelo aumento do investimento privado na área. Segundo a pasta, os dados mais recentes, de 2015, mostram que o setor público investiu 0,64% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, mais que o Japão, onde o governo destinou 0,54% do PIB para a área. Em contrapartida, as empresas aplicaram 0,61% do PIB no Brasil e 2,72% do PIB no país asiático.

“Um investimento público nesse montante não é pouco. O problema é que o país investe mal. O país precisa fazer que o investimento público em pesquisa e desenvolvimento alavanque o investimento privado”, disse Prata. Segundo ele, dos investimentos federais na área em 2015, 60% concentraram-se no Ministério da Educação, por meio das universidades federais, e 20,6% foram realizados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia.

Medidas

O secretário defendeu três medidas para aumentar a participação das empresas nos investimentos: o aumento da cooperação entre os ambientes acadêmicos e a indústria, o incentivo para as empresas investirem em pesquisa – por meio de programas formais de crédito ou por meio de ações de desburocratização – e o desenvolvimento e o estímulo ao empreendedorismo de base tecnológica por meio das startups (pequenas empresas que vendem soluções tecnológicas).

Secretário comenta pouco investimento das empresas em inovação
Secretário comenta pouco investimento das empresas em inovação

“Por muito tempo, o governo achou que ajudar uma empresa consistia simplesmente em criar privilégios para ela. O governo também ajuda o setor privado a fortalecer a educação e a infraestrutura e a permitir que as empresas busquem novos mercados”, disse. “Um movimento que tem dado certo é o das startups, o do empreendedorismo tecnológico. Até pouco tempo, os jovens que queriam fazer pesquisas ou escolhiam a vida acadêmica ou prestavam concurso público. Hoje, eles estão interessados em abrir empresas.”

Com informações da Agência Brasil