Sensor detecta dengue antes dos primeiros sintomas da doença

06/02/2015 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 19:25

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos da USP (Universidade de São Paulo) e da empresa DNApta Biotecnologia, de São José do Rio Preto, no interior paulista, desenvolveram um biossensor capaz de detectar dengue antes de surgirem os primeiros sintomas da doença.

O dispositivo, desenvolvido durante um projeto de mestrado da estudante Alessandra Figueiredo e de um pós-doutorado realizado por Nirton Cristi Silva Vieira foi descrito em um artigo publicado na revista “Scientific Reports”.

Dispositivo desenvolvido por pesquisadores da USP em parceria com empresa de biotecnologia detecta instantaneamente proteína secretada pelos quatro tipos de vírus causador da doença
Dispositivo desenvolvido por pesquisadores da USP em parceria com empresa de biotecnologia detecta instantaneamente proteína secretada pelos quatro tipos de vírus causador da doença

A tecnologia do biossensor é baseada na detecção elétrica da proteína não-estrutural NS1. Esse tipo de proteína é secretado pelos quatro tipos de vírus da dengue (DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4) e encontrado em concentrações detectáveis no sangue de pessoas tanto com infecção primária (que contraíram a doença pela primeira vez) quanto secundária (a partir da segunda vez), do segundo até o nono dia após o início da doença. Por isso, é considerada um excelente biomarcador de infecção pelo vírus da dengue, de acordo com Vieira.

“A vantagem de utilizar a proteína NS1 para detectar dengue é que é possível diagnosticar a doença mais precocemente, já no segundo ou terceiro dia após a infecção, uma vez que os sintomas da dengue só começam a aparecer, em média, a partir do sexto dia após a picada do mosquito”, diz Nirton Cristi.

O biossensor é composto por um eletrodo de ouro em escala nanométrica (da bilionésima parte do metro) com uma amostra de imunoglobulina IgY imobilizada sobre ele e um eletrodo de referência com potencial elétrico constante.

Ao entrar em contato com a proteína NS1, o potencial elétrico do eletrodo com a imunoglobulina IgY imobilizada muda em relação ao do eletrodo de referência, em razão da ligação da proteína com o anticorpo, produzindo um sinal elétrico.

Um software “lê” esse sinal elétrico e indica em, no máximo, 30 minutos o resultado da análise, que pode ser acessado em tempo real pelo celular ou notebook.

A meta da DNApta é desenvolver dispositivos portáteis de detecção de dengue semelhantes aos medidores de glicemia utilizados pelos diabéticos, que possam ser acoplados a dispositivos de comunicação móveis, como um aparelho de celular ou um notebook, e transmitir os dados, em tempo real, para uma central.

Via Agência Fapesp