Site mapeia ponto de coleta e vai contar história de catadores

14/11/2016 00:00 / Atualizado em 07/05/2020 04:26

Renato Dallora (à esq.) com catador na região do Glicério, zona central de São Paulo[/img]

O idealizador da iniciativa, Renato Dallora, 27 anos, já se interessava pelo tema do descarte e da logística reversa desde os tempos de faculdade, na USP (Universidade de São Paulo). Mas foi andando pelas ruas que ele se perguntou: o que podemos fazer com tanto lixo?

A primeira resposta foi organizar uma campanha de coleta de resíduos eletrônicos no ano passado. “Percebi que tinha nas mãos um problema bom: o de onde descartar”, lembra ele.

Levou até uma cooperativa e organizou outras campanhas. Mas a logística e a falta de estrutura fizeram com que ele organizasse outro caminho para o descarte apropriado – um site que mostrasse onde estão os ecopontos e as cooperativas da cidade de São Paulo, que recebem diversos materiais de descarte.

Conseguiu investimento de uma agência de fomento. E, como parte do projeto, passou a fazer visitas técnicas às cooperativas que recebiam resíduos.

“Por trás do lixo, há agentes ambientais”, destaca o engenheiro civil. “Há também muitos cooperados em situação de vulnerabilidade.”

Renato conta que muitas cooperativas não têm condição de receber os materiais. Por isso elas não entram no sistema.

“Elas informam que recebem eletrônicos, mas não estão capacitadas para receber TVs de CRT [as de tubo], que têm pó de mercúrio”, diz ele. A substância causa intoxicação e pode levar à morte.

E acrescenta que equipamentos de proteção individual, conhecidos como EPIs, são pouco vistos em cooperativas.

Nas visitas, ele convoca os cooperados para falar informalmente das alterações necessárias ao ambiente. E aproveita para coletar as histórias de quem está contribuindo para a redução do lixo na capital paulista.

Uma delas é a de um homem que, com a coleta de resíduos, conseguiu sair das ruas, comprar uma Kombi e adotou 12 crianças. Outra é da presidente de uma cooperativa que reclamava de pessoas que tentavam tirar o trabalho dela – para ficar com a renda.

As histórias, sinaliza Renato, devem ir até o começo do ano para o site e a página do Facebook do Vemdolixo. “Conheço muitas pessoas interessantes. Precisamos fazer a divulgação dessa causa.”

Por QSocial