Tomar aspirina a cada três dias reduz risco de infarto

O ácido acetilsalicílico, conhecido como aspirina, é utilizado para prevenir infarto ou o acidente vascular cerebral (AVC). No entanto, o uso constante e diário do medicamento costuma provocar complicações gastrointestinais nestes pacientes.

Mas um estudo desenvolvido por pesquisadores brasileiros concluiu que tomar aspirina a cada três dias pode ser tão eficiente quanto na prevenção dessas doenças e também evita as complicações gastrointestinais causadas pelo uso diário do medicamento.

O estudo foi coordenado por Gilberto De Nucci, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

O ácido acetilsalicílico evita que as plaquetas se agrupem e obstruam os vasos sanguíneos

De acordo com o professor, o “problema de usar aspirina é que ela tem um efeito colateral importante, causando irritação no estômago. Essa irritação pode não dar sintomas e o paciente pode apresentar uma hemorragia gástrica”.

O que se fazia até então para reduzir esses efeitos colaterais, segundo De Nucci, era reduzir a dose de aspirina. “Toda a literatura [médica] dos últimos 35 anos procurava reduzir a dose de aspirina para minimizar o risco da hemorragia gástrica. Mas demonstramos a segurança desse sistema terapêutico”, disse o médico.

O ácido acetilsalicílico evita que as plaquetas se agrupem e obstruam os vasos sanguíneos. Por isso é que popularmente se diz que o AAS “afina” o sangue. Por outro lado, ao mesmo tempo, a aspirina atua na mucosa gástrica, diminuindo a produção de prostaglandinas – substâncias lipídicas que protegem o estômago e o intestino.

Para o estudo, foram recrutados 24 voluntários sadios, que foram divididos em dois grupos. Metade deles recebeu AAS todos os dias durante um mês. A outra metade recebeu o medicamento a cada três dias e, no intervalo dos dias, apenas placebo (substância sem efeito direto em doenças, simulando um medicamento).

Neste período, os voluntários passaram por diversos exames como endoscopia, biópsia gástrica, teste de agregação plaquetária e medição do nível de prostaglandina, por exemplo.

O estudo, desenvolvido por cerca de um ano, teve apoio da Fapesp  (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da Biolab Farmacêutica e foi publicado no “The Journal of Clinical Pharmacology”.

Com informações da Agência Fapesp