Cataratas do Iguaçu, um destino digno do Oscar

Melhor fotografia, melhor efeitos especiais, melhor edição de som, melhor roteiro … para essa natureza não existe concorrentes.

Antes mesmo que apareça a primeira imagem das Cataratas, o espectador vai passar por uma experiência sensorial. Dizem que o susto só funciona quando precedido de silêncio, mas ali ele prefere avisar o viajante com um ataque brutal aos ouvidos. A trilha sonora composta pelos instrumentos da natureza, rocha e água, cria estrondos em todos os volumes e acompanha sua adrenalina. Os chuviscos aumentam e se acentuam cada vez mais ao se aproximar das cachoeiras e deixa a natureza toda enevoada. Num zaap, nada parece verdadeiro à sua visão. Isso sim é efeito especial que nem mesmo o cinema consegue projetar em 3ª dimensão.

A força da paisagem se destaca num panorama de penhascos escarpados com 275 quedas de um portentoso volume de água que desabam de uma altura média de 70 metros e seguem por 2,7 quilômetros ao longo de um caudaloso rio. Enfeitiçado pela cena, só agora percebemos as cores deste cenário reduzidas às diversas graduações de um café com leite, além do azul que às vezes surge no céu entre a névoa formada pelo chuvisco das aguas.

A natureza participa de cada ação: mostra uma árvore a beira do precipício, que empurrada pelas águas, luta para manter seu equilíbrio. Ou esconde ninhos de andorinhas abrigados no interior destas cascatas, e fazem com que os pássaros escolham o momento certo para atravessar as águas. Isto sim é esporte radical. Mas o encantamento vem, contudo, da sobrecarga visual, e do som que se eleva como um mantra e nos deixa hipnotizado frente àquela grande beleza cênica.

Corta! Um flashback de 140 milhões de anos, talvez nos impressionasse ainda mais. Nessa época a região foi palco da mais intensa atividade vulcânica do Planeta. O derramamento de lava e a alternância de períodos úmidos e secos deixaram como lembrança o colossal cânion que determinou a fisionomia atual das cataratas. Seu volume e força são ímpares, tendo seu ponto alto na “Garganta do Diabo”, por onde escoa o braço principal do Rio Iguaçu, afluente do Paraná.

Localizadas no coração da América do Sul, não é à toa que nenhum país quis abrir mão de seu espetáculo. As cataratas foram então divididas territorialmente entre Brasil, Argentina e Paraguai. Volta e meia ouvimos falar que a vista mais bonita é a nossa, será? Os argentinos dizem que o melhor espetáculo é o deles. Quer uma sugestão? Desista. Os dois lados se completam. Belezas não podem ser cotejadas. Ficamos com a mediação de um geólogo argentino que resume: “um espetáculo tem que ter palco e plateia. O lado brasileiro está na plateia, o argentino, no palco”. É pura verdade, principalmente quando se observa a Garganta do Diabo por esses dois ângulos. Em um deles, o brasileiro, uma cortina de água com 300° graus cerca o espectador, o outro se encontra exatamente na entrada da garganta. Uma dica: visite os dois lados, e não esqueça que para atravessar a fronteira, precisará da sua carteira de identidade.

Agora se prepare, a aventura maior está nas águas tumultuosas que cortam o cânion.

“Vamos cair fora daqui”. Esta é a frase mais ouvida, em diversos idiomas, das quase 160 nacionalidades que visitam o parque todo o ano, quando o barco de borracha ziguezagueando praticamente entra embaixo de algumas quedas. Sem força de barganha, você tem que esperar a hora que o piloteiro resolva abandonar a área. Ele sabe que ninguém se arrependerá de ter participado dessa navegação. Quem viu não esquece. Há algo de único neste passeio. Primeiro a sensação de estar fazendo parte de um dilúvio, depois mesmo com a vista embaçada pela água e névoa se vislumbra entre as cascatas arco-íris duplos e até mesmo triplos.

Pela exuberância da natureza, há 80 anos foi criado o Parque Nacional do Iguaçu numa área de 170 mil ha que além de abrigar as cachoeiras, abraça uma área de floresta subtropical. Há 30, o parque foi listado como Patrimônio Mundial da Humanidade, pela Unesco.

Mais informações: www.cataratasdoiguaçu.com.br

Por Heitor e Silvia Reali, do site Viramundo e Mundovirado

Em parceria com Viramundo e Mundovirado

Site de viagens e descobertas. Sugestões para despertar a mudança que o viajante, mesmo sem o saber, deseja. Viajar muda também seu interior, daí “viajar para se descobrir”

Este conteúdo - assim como as respectivas imagens, vídeos e áudios - é de responsabilidade do usuário Viramundo e Mundovirado

A Catraca Livre disponibiliza espaço no site para que qualquer interessado possa contribuir com cidades mais acolhedoras, educadas e criativas, sempre respeitando a diversidade de opiniões.

As informações acima são de responsabilidade do autor e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.