Cinemateca oferece curso de história do cinema

Periferia das metrópoles no cinema brasileiro pautam as aulas

Uma oportunidade única para quem sempre quis estudar a história do cinema: a Cinemateca traz curso gratuito de outubro a dezembro.

Para as 100 vagas disponíveis, é necessário se inscrever pessoalmente na bilheteria da Sala Cinemateca Petrobras, portando RG ou CPF. Os seis encontros acontecem sempre às terças, às 19h, com a exibição de filmes brasileiros que retratam a periferia das metrópoles do Brasil em obras cinematográficas.

O módulo estudado aborda a temática “O Centro Pelas Margens: Rumores e Inquietações das Metrópoles Cinematográficas Brasileiras”, ministradas pelo professor Rubens Machado Jr., coordenador do curso em Teoria e História do Cinema pela ECA-USP.

A atividade resulta de uma parceria com o Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Confira abaixo a relação completa de aulas por mês:

Outubro

Dia 11, às 19h, na Sala Cinemateca BNDES

Exibições em sequência

Avenida Paulista (São Paulo, 2005, 2´. Dir.: Edson Barrus).
Num passeio pelo centro financeiro de São Paulo, a Avenida Paulista, encontramos pedestres, placas publicitárias e marcos históricos da cidade em movimento.

São Paulo Sociedade Anônima (São Paulo, 1965, 111´. Dir.: Luiz Sérgio Person).
Grande painel sobre o impacto das transformações sociais e econômicas de São Paulo durante o surto de implantação da indústria automobilística, sob a visão de um sujeito em ascensão: um funcionário que se torna o braço direito de um empresário do setor automobilístico ao se casar com sua filha. Depois de iniciar uma relação extraconjugal e progredir socialmente, ele entra em crise e começa a pensar em abandonar sua carreira e a vida conjugal.

Dia 18, às 19h, na Sala Cinemateca Petrobras

A Margem (São Paulo, 1967, 96´. Dir.: Ozualdo Candeias).
Em uma favela às margens do rio Tietê, duas trágicas histórias de amor se desenrolam: em meio à miséria e a luta pela sobrevivência, dois casais que a sociedade ignora tentam encontrar-se através do sentimento. Entre pequenos golpes pela sobrevivência, os personagens evoluem por entre encontros nas franjas da cidade, resistindo à violência do submundo paulistano, em processo de deterioração no qual as tentativas de ligação amorosa ganha foros de poesia sublime.

Novembro

Dia 15, às 19h, na Sala Cinemateca Petrobras

Sem essa, aranha (Rio de Janeiro, 1970, 102´. Dir.: Rogério Sganzerla).
Viciado em jogo do bicho, um malandro decadente vive dividido entre três mulheres: uma loira, uma morena e outra negra. Interpretado por Jorge Loredo, conhecido por suas aparições na televisão como Zé Bonitinho, o personagem Aranha é uma caricatura de nossas elites, iludido, cafona e colonizado. Espécie de chanchada psicodélica, com números musicais de Moreira da Silva e Luiz Gonzaga, o filme inspirou a canção “Qualquer coisa”, de Caetano Veloso, que repete o título da obra em seu refrão. Um dos mais marcantes filmes da produtora cinematográfica independente Belair, fundada por Sganzerla e Julio Bressane.

Dia 22, às 19h, na Sala Cinemateca Petrobras

Exibições em sequência

Migrantes (São Paulo, 1972, 7´. Dir.: João Batista de Andrade).
Reportagem sobre a situação miserável dos retirantes nordestinos em São Paulo, vistos como marginais por muitos paulistanos. Numa oportunidade rara, o documentarista coloca frente a frente um migrante, que mora com a família sob um viaduto, e um paulistano típico, que o aconselha a voltar para o campo. Prêmio de Melhor Filme em 16mm na Jornada Nordestina de Curta-Metragem em 1973. Cópia restaurada a partir dos negativos originais de imagem e som.

Gaviões (São Paulo, 1981, 25´. Dir.: André Klotzel).
Misturando documentário e ficção, este curta-metragem apresenta uma crônica do cotidiano da maior torcida organizada do Corinthians, um dos times de futebol mais tradicionais e admirados do país. Filmado no seio da torcida corintiana, o filme se configura, por vezes, como um ensaio visual sobre os valores estéticos do branco e preto (cores do time).

Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem, cobrarei no inferno (Bahia, 1981, 20´. Dir.: Miguel Rio Branco).
Ensaio visual sobre a prostituição na cidade de Salvador, Bahia. Curta-metragem singular, que retrata as dificuldades da vida urbana na deteriorada região da Baixa do Sapateiro soteropolitana, entre o progresso e a miséria, a violência e a cidadania distante, a pulsação popular e a exclusão sistemática.

Dia 29, às 19h, na Sala Cinemateca Petrobras

Exibições em sequência

Qualquer um (São Paulo, 1983, 16´. Dir.: Rita Buzzar).
A partir de acontecimento real ocorrido em São Paulo, em abril de 1983, quando manifestações contra o desemprego levaram a confrontos com a polícia e saques a inúmeras lojas do centro da cidade, a trama acompanha a trajetória de um migrante que chega à metrópole em busca de emprego. Utilizando material de arquivo referente ao governo Juscelino Kubitschek e à industrialização acelerada daquele período, o filme estabelece relações entre o milagre brasileiro, o desemprego e os saques.

Superoutro (Bahia, 1989, 48´. Dir.: Edgard Navarro).
Média-metragem de ficção sobre um louco de rua, espécie de Dom Quixote do Terceiro Mundo, que tenta se libertar da miséria que o assedia através da sua imaginação alucinada e acaba por subverter a própria lei da gravidade. Rodado na cidade de Salvador, Bahia, sem uma linha narrativa definida, o filme se apropria das referências da indústria cultural para satirizá-las e construir uma obra critica e inovadora. A inusitada trilha sonora reúne Villa-Lobos, Arrigo Barnabé, Nino Rota, Carlos Gomes, Caetano Veloso, Fausto Fawcett, o Hino da Independência do Brasil e até a Internacional Socialista.

Dezembro

Dia 6, às 19h, na Sala Cinemateca Petrobras

Exibições em Sequência

Fantasmas (Minas Gerais, 2010, 11´. Dir.: André Novais Oliveira).
Uma câmera parada de frente para um posto de gasolina capta a conversa de dois personagens que não aparecem em quadro. Entre banalidades sobre um jogo de futebol organizado por amigos, a beleza da irmã de um e a insistente cobrança sofrida pelo outro, o movimento do estabelecimento comercial é acompanhado por vários minutos. Uma tensão entre o visível e o invisível se estabelece na iminência de que algo venha a acontecer. Vencedor do prêmio de Melhor Filme Experimental no Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro – Curta Cinema 2011.

Anjos do arrabalde (São Paulo, 1986, 104´. Dir.: Carlos Reichenbach).
Drama realista sobre o cotidiano de três professoras e uma manicure que tentam sobreviver dignamente em confronto com o hostil ambiente de um bairro da periferia de São Paulo. Carmo abandona o magistério por pressão do marido machista; Dália sustenta um irmão viciado em drogas e é vítima de preconceito por conta de sua vida sexual e pelo romance com um homem casado; Rosa é uma mulher solitária desiludida com a profissão que mantém uma relação extraconjugal com um colega de trabalho; Aninha, a manicure, é vítima de uma tragédia que transformará estas vidas tão comuns em manchete de jornais sensacionalistas.

Por Redação