Detida no aeroporto de Santiago por causa de uma maça

Maçã. Por ela Adão perdeu o Paraíso e Isaac Newton pirou quando uma caiu no seu cocuruto. A bruxa quase apagou Branca de Neve com uma envenenada, e outra com cianeto foi o fim de Alan Turing, matemático inglês, precursor dos computadores. Em homenagem a ele, Steve Jobs escolheu uma maçã mordiscada como logotipo de sua indústria.

 

E para Heitor e eu, uma maçãzinha foi um problemão. Em recente viagem ao Chile carregava uma na mochila para aplacar aquela fome inesperada. Ela não bateu e esqueci da fruta. O danado do raio X do aeroporto me acusou. Fui parar no Departamento de Agricultura, submetida a baita interrogatório e assinei inúmeros papéis. A multa para o delito de não declarar frutas e outros itens é de US$ 250, mas me liberaram só desta vez com uma advertência. Custou-me, porém, três horas a mais no aeroporto e uma ficha suja no País por cinco anos. Se nesse tempo esquecer frutas, nozes, presunto, animais vivos ou mortos ou o escambau, pagarei US$ 500, aí sim sem clemência.

Nem por isso vou deixar de amar maçãs, e gostar do Chile. E, vou preferir guardar lembranças mais saborosas, como a gastronomia de minha mãe onde maçãs eram protagonistas. Entravam em pratos salgados ou doces, cruas, assadas ou cozidas, da entrada à sobremesa. Ela comprava sempre as mais vermelhas, quase púrpuras, pois são as que na árvore ficam mais expostas ao sol. Daí mais doces. Me ensinou o segredo de sua apfelstrudel imbatível: salpicar generosamente castanha do Pará ralada no recheio.

Mas, a melhor lembrança sua e das frutas é a de manter sempre uma maçã na mesinha de cabeceira. Antes de dormir, Ruth esfregava com um paninho macio a fruta qual Aladim sua lâmpada mágica. Isso, segundo ela, fazia despertar aromas que garantem um sono reparador e –doces sonhos.

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