Preciosidades de 78 rpm saem do baú em espetáculo no CCSP
"Goma-Laca, Volume I - Sambanzo & convidados" traz expoentes da música independente
Tal qual um tesouro no fundo do mar, repleto de preciosidades inacessíveis, a música popular brasileira da primeira metade do século 20, com seus registros em 78 rotações por minuto, é um campo de estudo vasto e ainda um tanto inexplorado. Aos poucos, no entanto, pesquisadores, verdadeiros garimpadores das nossas riquezas culturais, fazem com que estas maravilhas de nossa música voltem a encantar e cativar novos ouvintes.
O projeto “Goma-Laca” é uma destas iniciativas que promovem o resgate de fonogramas esquecidos nos baús de nossa memória musical. Coordenado por Biancamaria Binazzi e Ronaldo Evangelista, “Goma-Laca” tem como propósito a difusão de programas radiofônicos e de fonogramas provenientes da Discoteca Oneyda Alvarenga – idealizada por Mario de Andrade nos anos 30 e atualmente instalada no Centro Cultural São Paulo.
“Se ficar guardado no baú, ninguém vai ouvir”, crava Biancamaria, que tem sua trajetória profissional ligado ao universo “setenteônico” – já desenvolveu um programa sobre discos de 78 rotações por minuto na Rádio Cultura e é apaixonada pelo tema.
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Três programas especiais (“A Discoteca Oneyda Alvarenga”, “Sonoridades afrobrasileiras em 78 por minuto” e “Sambanzo & Convidados”) serão produzidos e disponibilizados no site. E coroando esta ação de valorização da nossa história, um show com o quinteto Sambanzo e convidados especiais acontece no dia 3, às 19h, com entrada Catraca Livre, no Centro Cultural São Paulo.
O Sambanzo é formado por Thiago França (saxofone e flauta), Kiko Dinucci (guitarra), Marcelo Cabral (contrabaixo), Welington Moreira (bateria) e Samba Sam (percussão). Os convidados são personagens destacados da atual cena musical independente: Emicida, Luisa Maita, Bruno Morais, Juçara Marçal, Rodrigo Brandão e Marcelo Pretto.
“O show vai trazer releituras dessas músicas raras antigas. Experiências do momento são passadas para a interpretação dos músicos, que dão uma cara nova, para as canções”, diz Biancamaria, ressaltando que a “ideia é misturar as influências dos músicos e criar novas versões”.
A legislação brasileira ainda não possibilita a livre circulação de nossas riquezas culturais como estes fonogramas em 78 rpm. Mas iniciativas como a “Goma-Laca” servem de alento. “Se não pode disponibilizar para baixar, então a gente põe pra escutar e vai esquentando para o show”, finaliza a pesquisadora.
Confira um video com o audio do samba “Até a lua chorou” (1936) com o Grupo X e imagens do Quinteto Sambanzo.