Samba rock tem gingado e história com o Clube do Balanço
Samba… “dança semelhando ao batuque, com dançarinos solistas e eventual presença de umbigada.” Rock… “música popular usualmente executada em insturmentos amplificados eletronicamente.” As palavras do dicionário tentam traduzir aquilo que, na prática, acontece com a combinação de braços, mãos, cabeça, pescoço, pernas, sorrisos e olhares, numa sequência de movimentos, sob um som ritmado e poético. Todos os passos do samba rock, em termos de dança, música e história, serão contados – a partir desta sexta-feira, 13, na Caixa Cultural – por gente que entende do assunto: Inácio Loiola de Souza Junior (Moskito), professor de dança, e Marco Mattoli com a turma do Clube do Balanço. Enquanto um ensina, o outro discoteca e a platéia dança.
Conta Moskito que os primeiros sinais do samba rock nasceram em São Paulo, por volta de 1820. Esta foi a época em que surgiram bailes de música negra na periferia da cidade. “Os imigrantes estavam chegando no Brasil e o negro não tinha condição de ir nas festas deles.”
Tempos mais tarde, entre 1900 e 1930, regiões que hoje localizamos como Barra Funda, Vila Maria e Vila Catarina tornaram-se palcos dos bailes de samba rock. Nesta época, de acordo com o professor, “moças e moços que não eram de família” ainda dançavam o Maxixe (primeira dança urbana surgida no Brasil; antecende o samba). Ao lado dele, já era possível perceber levadas do rock norte-americano, influenciadas pelas canções tocadas em clubes dos Estados Unidos.
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Mas foi na letra de Jakson do Pandeiro, em 1958, com a canção “Chiclete com Banana”, que a expressão samba rock aparece, se firma e se torna um pouco mais conhecida pelo público (“Quero ver a grande confusão/ É o samba-rock meu irmão”). Neste tempo, cada vez mais as batidas do samba sofriam influência do rock americano. Elvis Presley, por exemplo, estourava nas paradas de sucesso na terra do Tio Sam. “A diferença fundamental entre o começo do samba rock e o que se aprende nos dias atuais é que, antes, dançava-se mais o Maxixe e, agora, a dança está mais acrobática”, explica o professor.
Formado em Metalurgia pelo Senac, Moskito abandonou a carreira de dez anos, para transformar sua paixão pela dança em profissão. Aprendeu a dançar aos 14 anos. “Eu tinha uma namorada que, quando ia para os bailes, dançava samba rock com os negões. Aí não teve jeito. Tive que aprender para dançar com ela”, relembra.
Ouça o som do Clube do Balanço