Viajar e trabalhar em troca de hospedagem é para qualquer idade

Carol Fernandes, fundadora do Projeto ViraVolta, que fala sobre transformação pessoal através de viagens longo prazo pelo mundo, diz que a economia colaborativa está influenciando muito o setor de turismo. Agora está cada vez mais fácil usar a colaboratividade para explorar o mundo todo e essa é uma ótima saída para viajantes de longo prazo que querem viver uma aventura pelo mundo gastando pouco.

Porém, muitas pessoas ainda têm um pouco de preconceito com essa ideia. Qualquer pessoa poderia por exemplo, trabalhar em troca de hospedagem e alimentação para reduzir os custos da viagem e ainda viver experiências únicas. Para provar isso, ela decidiu compartilhar no projeto a história da Iracema Genecco, do blog Feminino 60, que começou a viajar sozinha por períodos de 4 meses após os 60 anos. Se ela viaja fazendo trabalhos em troca de hospedagem por que você também não poderia fazer o mesmo?

Relato por Iracema Genecco

Acreditem, uma das poucas alternativas para viagens de longa duração até alguns anos era juntar o máximo possível de grana. Levava-se o dinheiro distribuído em bolsos, cintos e bolsinhas. E a trip acabava quando acabasse a grana. Hoje, está muito mais fácil sair por aí sem pressa de voltar. Com um celular e conexão wi-fi se vai longe, a internet é um mapa do tesouro. Para orçamentos curtos, existe até a oportunidade de trabalhar para custear estadia e alimentação.

Com isso, descobri que posso dar a volta ao mundo sem ser milionária. É só decidir para qual lado do planeta quero ir, sondar as oportunidades de trabalho nos sites, enviar os pedidos, aguardar as confirmações e ir fechando um calendário de acordo com o meu roteiro naquelas regiões por onde pretendo passar.

Minha primeira experiência levou-me à região da Toscana, na Itália. “No momento só tenho vaga para cuidar de um cão” respondeu-me a anfitriã a quem eu havia enviado um e-mail. “Só se for agora”, pensei e respondi imediatamente antes que aquela oportunidade fugisse. Eu estava hospedada num b&b em Roma, podem imaginar a alegria com que eu me joguei para uma temporada na Toscana ao custo do preço de uma passagem de trem.

Logo nos primeiros dias, na chegada, minha anfitriã preparou uma janta de apresentação às suas amigas que, por sua vez, vieram me buscar depois para passeios nas cidades próximas, ir ao teatro, ao cinema. Durante uns 20 dias, bebi vinhos (com moderação), me embebedei de paisagens e conheci pessoas e lugares que, de outra forma, eu jamais saberia que existem.

Minha tarefa básica era cuidar de uma simpática cachorra preta enquanto seus donos viajavam. Caminhar com a Vinnie por aquelas estradas, fotografar as paisagens, cumprimentar os vizinhos. Em casa, muitos tipos de massa estocados na despensa, alimentos prontos na geladeira e livre acesso à adega. O que economizei neste período em diárias e alimentação me permitiu incluir novas cidades a visitar.

Acertada uma segunda oportunidade, dirigi-me a um vilarejo na região da Emília Romana. Fiz longas caminhadas com meus novos companheiros Dido, Linda e Laila (outros cães que eu tomava conta). Minha anfitriã, tradutora, passava os dias em frente ao computador, sem muito tempo para as pequenas tarefas domésticas. Fui apresentada à sua família, a seus amigos e à inesquecível culinária bolonhesa. Participei de genuínos almoços à italiana, daqueles com a família completa: avó, pai, mãe, filhos, sobrinhos, netos, primos, amigos, vizinhos, agregados. Isso não tem preço que pague.

Depois, tive experiências também nos Estados Unidos, país para onde resolvi ir a fim de praticar e melhorar o inglês. E assim descobri um novo mundo de possibilidades.

Claro que fazer turismo assim é bem diferente do convencional e exige capacidade de adaptação às circunstâncias. Não dá para ir simplesmente de uma cidade turística para outra. Eu escolho uma região e aproveito para explorar tudo o que ela oferece. Viajar dessa forma, para mim, proporciona, além da convivência diária com os anfitriões, uma imersão na cultura local mais intensa do que qualquer outra forma que conheci. Essa coisa de ir junto ao supermercado, ser apresentado aos amigos, participar das atividades comuns, ir aos restaurantes que eles costumam frequentar.

Resumindo, talvez dê certo por isso, vou disposta a conhecer mais as pessoas e os lugares do que atrações turísticas. Acho que conta a favor minha predisposição de aceitar ambientes e situações novas, bem como a facilidade de integração com qualquer faixa de idade. Acho que esses são alguns dos requisitos básicos para quem pensa em se lançar neste tipo de aventura.

Atualmente, diversos sites facilitam o encontro entre viajantes e quem precisa de ajudantes extra. Mas, atenção: em princípio, não há pagamento em dinheiro envolvido, coisa que um visto de turista não permite em diversos países. Trata-se apenas de um acordo voluntário entre as partes, que acertam previamente o trabalho a ser feito, quantas horas, o tipo de alojamento, dias de folga, etc.

As oportunidades são variadas e abrangem desde trabalho coletivo em fazendas orgânicas, cultivo ou colheita, pousadas rurais, atendimento em hotéis, dog sitter ou serviços diversos em casas de família. Existe ainda uma forma específica de voluntariado, em que as organizações, geralmente humanitárias e filantrópicas, providenciam alojamento e alimentação nas comunidades onde o trabalho é desenvolvido.

Nunca encontrei nenhuma dificuldade para conseguir trabalho, mesmo sem ter qualquer referência e explicitando claramente a minha idade: 64 anos. Simplesmente, me inscrevi no site, selecionei as oportunidades, fiz um breve perfil de acordo com as orientações do próprio site, enviei e-mail e, logo, obtive respostas positivas. Não faltam oportunidades para quem está a fim. Mas é claro que depois de já ter tido experiências fica ainda melhor para o seu perfil.

Escolha o que melhor atender seus interesses, inscreva-se e boa sorte!

Se você curte a ideia de trabalhar em troca de hospedagem se informe mais sobre o assunto:

Basta querer e tentar uma vez pra entender que é tudo muito mais simples do que a gente imagina.
Vai que dá.

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