Dona Maria Esther, expoente maior do samba rural paulista
A grande porta-voz das rodas de bumbo de Bom Jesus de Pirapora, Dona Maria Esther, faleceu em 2017, aos 92 anos de idade. Sempre lembrada por sua máxima “a idade não regula, o que regula é o rebolado”, Dona Maria é uma figura de elevada importância para a cultura popular brasileira.
Nascida em Bom Jesus de Pirapora, interior de São Paulo, em 1924, Dona Maria Esther de Camargo Lara ou simplesmente Dona Maria Esther acostumou-se desde jovem a percorrer as rodas de samba do interior, garimpando o melhor das batucadas para sua vida.
Na década de 1940, ao fundar – ao lado de Honorato Missé – o Grupo Samba de Roda de Bom Jesus de Pirapora, Dona Maria fez sua opção definitiva pelo gênero e tornou-se uma das principais divulgadoras do samba rural.
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O grupo segue ativo apresentando toda uma criação artística associada ao samba paulista, mantendo a musicalidade, a coreografia e a poesia forjadas pelos negros escravos e libertos do interior do estado de São Paulo no auge da cultura do café.
Felizmente, a importância de Dona Maria para a cultura popular transcendeu as fronteiras da cidade: participou da fundação da primeira escola de samba de São Paulo, a Lavapés, em 1937, ao lado de Madrinha Eunice. Também conviveu com o sambista Geraldo Filme, para quem fez os versos de improviso que originaram mais tarde a composição “Samba de Pirapora”.
Para além dos brincos de ouro, do blush vermelho nas bochechas e das sobrancelhas feitas com delineador, Dona Maria Esther era uma mulher de personalidade marcante e disposição invejável. Dedicou ao samba sua vida, tornando-se uma das principais referências da manifestação no interior do estado.
Pouco antes de nos deixar, Dona Maria Esther presenteou a todos com sua presença na Festa do Samba Rural Paulista. Durante o cortejo, a senhora de 92 anos de idade se fez menina: com sua voz forte, entoou versos de duplo sentido, levantou a saia e encarou o bumbo como se ainda não tivesse saído da adolescência.
Suas glórias e conquistas estarão para sempre nos anais da história como fonte infinita de cultura e tradição do samba de São Paulo e de sua gente.
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